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31/03/2016 - "Santa Casa de Araçatuba é importante componente", diz especialista em transplantes

 Ele é um dos papas do transplante hepático, no Estado de São Paulo. Chefe da Unidade de Transplantes de Fígado e Intestino Delgado do Hospital de Base de São José do Rio Preto também é professor-doutor da Faculdade Estadual de Medicina de São José do Rio Preto. 

 
De 1988 – datas que criou a Unidade de Transplantes de Fígado e Intestino, no HB de Rio Preto- para cá, já realizou em torno de 400 transplantes, que somados a 300 procedimentos que participou juntamente com sua esposa, a médica patologista Rita Silva, no período de três anos de especialização realizada no Queen Elizabeth Hospital Birmingham, no Reino Unido.
 
Mesmo com credenciais tão expressivas, o cirurgião Renato Ferreira da Silva, atribui o sucesso dos transplantes de órgãos na região, “às famílias anônimas, que mesmo na dor, aceitam doar os órgãos de seus entes queridos”, como o fator mais importante de um transplante e do crescimento da estatística dos procedimentos.
 
Também avalia a seriedade, ética e dinâmica da equipe de captadores, como o outro elo, sem o qual, órgãos saudáveis o suficiente para garantir mais 20,30 anos de vida a um doente crônico, jamais chegariam às filas de espera por transplante. “E, neste aspecto a Santa Casa de Araçatuba tem uma equipe elogiável. O Dr. Rafael (Saad) e o enfermeiro Matheus (Tonons) são comprometidíssimos. Fico até emocionado para falar sobre o hospital de Araçatuba. Fui eu quem o credenciou como unidade de captação e me surpreendo a cada dia com o desempenho desta unidade”, define o cirurgião.
 
Ferreira Silva também diz que a Santa Casa, tanto como instituição administrativa, quanto Corpo Clínico, não deve se sentir frustrada quando não consegue salvar um paciente que se transforma em doador de órgãos, pós-morte cerebral e por sentimento de solidariedade de seus familiares é transformado em doador.  ”Ao aceitar doar órgãos, os familiares também estão dizendo nas entrelinhas que reconhecem os esforços da equipe para salvar seu ente querido. Família que tem dúvida sobre isso ou ficou descontente com o atendimento do hospital como um todo, não autoriza doação de forma alguma”.  Por tudo isso, o especialista em transplantes afirma que “é muito importante o hospital atuar sob acolhimento humanizado: do porteiro à maior autoridade médica”.
 
Possivelmente neste mês de abril, a Unidade de Transplantes de Fígado e Intestino Delgado que ele instalou no HB de Rio Preto e treinou médicos e paramédicos para fazê-la funcionar, deve atingir a marca de 500 transplantes de fígado realizados de 1988 para cá. 
 
Algumas festividades deverão ocorrer em comemoração a uma marca tão expressiva. Como por exemplo, um jogo de futebol entre médicos e transplantados antigos como Wilson Galcio dos Santos, que foi o primeiro, ou melhor, o segundo transplantado e o primeiro bem sucedido na história da unidade. “Ele era o segundo da fila de espera por um transplante. O primeiro morreu durante a cirurgia. Por isso, imaginei que ele fosse desistir, por causa disso. Mas, não! Ele disse: doutor vou operar e vou sair bem da cirurgia”. E saiu mesmo!
 
Ele tem muitos relatos interessantes sobre as novas histórias da vida real que ajudou a escrever. Como, a de um paciente que mora do Acre, transplantado há 18 anos e desde então, liga para ele, todos os Dia dos Pais, para parabenizá-lo pela paternidade à qual foi alçado, na nova vida que o transplante de fígado lhe proporcionou. 
 
Esteatose hepática: um mal que assusta
 
 
Ao explicar sobre os fatores que levam à falência dos órgãos hepáticos, o especialista recorda que no início da história dos transplantes de fígado o alcoolismo e a hepatite C eram as principais causas dentre os doentes que precisavam de um transplante para continuar vivendo (ainda que muitos morreram sem conseguir realizar o procedimento). “Hoje a evolução das drogas desenvolvidas para tratar hepatite C, reduziu a incidência dentre as causas principais. Porém a doença hepática “ganhou” uma aliada poderosa: a esteatose hepática, ou num bom português: gordura no fígado”.
 
Há mais ou menos três anos, após participar de uma especialização na Alemanha, o oncologista Bruno Kersten, que atua no Centro de Tratamento Oncológico da Santa Casa de Araçatuba antecipou com detalhes sobre uma conclusão da comunidade científica internacional: a circunferência abdominal avantajada está diretamente associada ao câncer no aparelho digestivo. 
Renato Ferreira Silva compartilha do mesmo conceito. “Quem não se dispor a combater a gordura abdominal é um sério candidato a adoecer gravemente e até morrer pelas quatro consequências diretamente associadas ao problema: doenças cardíacas, câncer no pâncreas, comprometimento das funções hepáticas e doença renal crônica. “Esse é o vilão que num futuro próximo, levará muitas pessoas à fila dos transplantes e quando não, ao óbito”, explica o especialista.
 
Hábitos saudáveis, dentre os quais, estabelecer uma boa distância dos fast foods é um bom preventivo. “A melhor refeição é a comida feita na panela, como nossas avós e mães faziam, com o arroz, o feijão, a carne, as verduras e os legumes. Com tempero que elas manuseavam com excelência: pouco sal, alho, cebola e algumas ervam. Esqueçam os knorr e os sazons da vida”.
 
 E tem mais: distância dos refrigerantes que são bebidas impregnadas de açúcar mascarado com sódio. “Muita água, sucos naturais (para os diabéticos: bem diluídos com água). Bebidas alcóolicas ocasionalmente e com moderação”
O médico completa a receita com “uma boa e agradável caminhada de uma hora, ao menos seis dias na semana”.
 
 
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