Responsabilidade no trato com a vida. Essa é a frase que define o trabalho realizado pela Agência Transfusional de sangue da Santa Casa de Araçatuba. A unidade funciona dentro do hospital e é responsável pela transfusão dos componentes sanguíneos fundamentais para a manutenção da vida em várias situações, como acidentes, cirurgias e nos casos em que o a transfusão de sangue é indicada, como parte do tratamento de algumas patologias. A enfermeira Aline Campanha Viçoso, que responde pela Agência Transfusional da Santa Casa de Araçatuba, lembra que, a cada mês, o hospital realiza uma média de mil transfusões: “Para se ter uma ideia de quanto o sangue é importante dentro da Santa Casa, somente em setembro, 48% dos pacientes internados receberam transfusões”.

Quando são entregues diariamente à Agência Transfusional, as bolsas de hemocomponentes (concentrados de plaquetas, plasma fresco congelado e crioprecipitado), já foram testadas para sífilis, HIV (Aids), hepatite e uma infinidade de outras patologias que podem ser transmitidas através do sangue. Esses testes são realizados pelo Hemocentro de Ribeirão Preto e, o sangue é coletado no Hemocentro de Araçatuba.

Cabe à Agência Transfusional garantir a correta conservação das bolsas, realizar os testes de compatibilidade e instalar os hemocomponentes nos pacientes que irão receber o sangue, para garantir a segurança da transfusão.

Armazenagem

O sangue precisa permanecer em baixas temperaturas. “As bolsas de concentrado de hemácias tem de estar em uma temperatura entre dois a seis graus Celsius. Por isso, mantemos as bolsas em uma temperatura média de quatro graus, que é verificada rigorosamente a cada quatro horas, durante as 24 horas do dia”, explica a enfermeira.

Para armazenar as bolsas, a Agência Transfusional da Santa Casa possui um equipamento de última geração, adquirido há cerca de um mês, com capacidade para 145 bolsas. O refrigerador tem ainda portas de vidro, que permitem a observação do sangue armazenado mesmo com as portas fechadas, reduzindo a necessidade de abertura.

“A Agência Transfusional recebe, confere e armazena adequadamente essas bolsas. Nós seguimos a RDC 153, da Vigilância Sanitária, que determina o regulamento técnico para os procedimentos em hemoterapia”, afirma Aline Viçoso.

Testes de compatibilidade

A enfermeira explica ainda que a Agência Transfusional é responsável por realizar os testes de compatibilidade entre a unidade de concentrado de hemácias e o paciente que irá receber o sangue, para garantir a segurança da transfusão. “Fazemos os testes de ABORH, ABO (tipo sanguíneo) e RH (que pode ser positivo ou negativo)”, detalha a enfermeira responsável.

“De acordo com o resultado dos testes, nós vamos procurar em nosso estoque uma bolsa de sangue compatível, de acordo com o tipo sanguíneo do paciente. Também vamos pesquisar se o paciente apresenta algum anticorpo estranho”, completa a enfermeira. “De todo controle realizado no sangue, com o resultado desses testes, a Santa Casa de Araçatuba registra um índice muito baixo de reações desse tipo entre os pacientes, que é menor que 1%.”

Para realizar a testagem é retirada uma amostra de sangue do paciente. “São vários testes, onde utilizamos em média, a quantia de 14 tubos de ensaio, para realizar a trsnfusão de um aunidade de concentrado de hemácias”, explica a enfermeira. “Os resultados levam cerca de 40 minutos para ficarem prontos”.Nos casos de emergência, os pacientes acidentados que chegam ao Pronto-Socorro da Santa Casa de Araçatuba e não podem esperar o tempo de teste do sangue,  recebem sangue O-, que é doador universal: “Qualquer paciente pode receber”, confirma a enfermeira.

Certificação

Desde 2002, a Agência Transfusional da Santa Casa participa da Avaliação Externa da Qualidade (AEQ),  um programa de avaliação externa de qualidade, que rendeu à unidade o certificado de proficiência expedido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Para que o certificado seja entregue a uma unidade como a Agência Transfusional, a Anvisa faz a aferição rigorosa de sete pontos, que são verificados na prática, além de três avaliações teóricas que servem como parâmetros para o controle de qualidade.

Após conquistado, o certificado precisa ser mantido. Para isso, são realizados testes periódicos, tanto práticos quanto teóricos, determinados pela Anvisa.
A certificação garante sangue de qualidade em todo o processo, já que a Anvisa também é responsável pela normatização da coleta sanguínea e testagem, etapas que acontecem ainda no Hemonúcleo.

O programa foi criado pela Anvisa para aferir o desempenho dos serviços de hemoterapia dos hospitais de todo o País. A adesão da Santa Casa foi voluntária, e faz parte das ações desencadeadas pela Mesa Diretora e Diretoria Clínica para garantir o padrão de excelência nos atendimentos prestados aos pacientes, a grande maioria por meio do SUS (Sistema Único de Saúde).

A certificação é a prova do rigor do trabalho realizado pela Agência Transfusional.
Para o paciente, isso representa a garantia de receber os derivados de sangue se submetendo ao menor risco possível, índice que chega muito próximo ao zero.