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06/08/2013 - Câncer de próstata:detecção precoce aumenta chances de cura

 
O diagnóstico precoce do câncer de próstata aumenta as chances de cura e a expectativa de vida de pacientes vitimados pela doença. Além disto, oferece ao paciente a opção de ser tratado através de técnicas menos invasivos em relação à prostatectomia radical, procedimento cirúrgico que resulta na remoção da próstata.
 
 De acordo com o radio-oncologista Caio Marcelo Jorge, responsável técnico pelo Centro de Radioterapia da Santa Casa de Araçatuba, unidade que integra o Serviço de Oncologia do hospital, a técnica apresenta resultados equivalentes à prostatectomia, e em alguns casos “a radioterapia apresentou menos complicações em relação à cirurgia convencional, dentre as quais, a disfunção erétil e incontinência urinária”.
 
 Por outro lado, ele alerta que pacientes prostáticos, submetidos a tratamento radioterápico estão mais suscetíveis à toxidade retal, como, retite actinica (lesão no reto), “que pode ser muitas vezes minimizada através  da  técnica conformacional e IMRT”, informa.
 
 No Brasil, a utilização da radioterapia e/ou braquiterapia tem sido bastante frequente no tratamento do câncer de próstata. “Em alguns países, a técnica supera em quantidade em relação à realização de cirurgias”,  explica Jorge.
 
 Segundo ele, a maior parte dos pacientes com câncer de próstata dentre os atendidos pelo Serviço de Oncologia da Santa Casa de Araçatuba está sendo tratada, com bons resultados, por radioterapia
 
 O motorista Dorival Martins Torte é um dos casos. Integrante de uma família com histórico de câncer de próstata, ele passou a realizar anualmente o exame de PSA (antígeno prostático-especifico) uma das formas para detecção precoce do câncer de próstata. A atenção à sua saúde foi decisiva para que sua história futura reúna todos os elementos para ter um final feliz.
 
 “Há dois anos o PSA apresentou resultado elevado 4.32, ( o ideal é  até 4) O médico recomendou que fizesse o toque (exame de toque retal, a forma mais segura para se detectar a presença de tumor na próstata) e foi encontrado um tumor bem pequeno”, relata. A precocidade do diagnóstico o tornou apto a realizar o tratamento por radioterapia.
 
 Após realizar as 38 sessões previstas no tratamento, Torte continuou sendo monitorado pela equipe do Centro de Radioterapia. “No primeiro exame que realizei, o PSA caiu para 2.86 e no segundo passou para 2.08. Vou realizar outro em outubro e tenho fé em Deus que este número será ainda menor”, comemora o paciente, que já retornou às suas funções profissionais.
 
 
 Opção
 
O radio-oncologista da Santa Casa lembra que em casos como o do paciente Dorival Martins Torte, a utilização da radioterapia é indicada, porque aumenta as possibilidades de sobrevida global, sobrevida livre de doença e controle local"
 
Pacientes submetidos a prostatectomia radical, caso tenham recidiva bioquímica     ( elevação do PSA >0,2ng/ml em relação ao seu valor mais baixo pós-cirurgia ou clara tendência de elevação do PSA pós-cirurgia) podem ser tratados por radioterapia de resgate. “ Dessa forma há uma tendência em preferir inicialmente a cirurgia em pacientes mais novos ( até 50 anos), garantindo-lhe a radioterapia como um armamento a mais caso a doença recidive”, explica o médico.
 
 De acordo com Caio Jorge, via de regra não se faz cirurgia depois da radioterapia. “ Há estudos em andamento, mas não conclusivos acerca desta abordagem”.
 
 Números
 
Excluindo as neoplasias de pele, o câncer de próstata é a segunda maior forma da doença dentre os pacientes do sexo masculino, tratados pelo Serviço de Oncologia da Santa Casa de Araçatuba.
 
No Brasil, dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) indicam que o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total de cânceres. Sua taxa de incidência é cerca de seis vezes maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento
 
 A doença é mais comum em homens da faixa etária dos 60 aos 70 anos e tem como fatores principais, a hereditariedade, fator idade (quando mais idoso maior o risco de a doença desenvolver), e fatores raciais (indivíduos de cor negra, em que a incidência desta doença é maior).
 
 De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca) em 2010 o Brasil registrou 12.778 mortes por câncer de próstata. O órgão projetou em 2012 o aparecimento de 60.180 novos casos.
 
 O oncologista clínico do Serviço de Oncologia da Santa Casa de Araçatuba, Bruno Guilherme Kersten afirma que a incidência do câncer de próstata superou o do câncer de pulmão em homens na última década. “Isto se deve ao maior acesso ao exame de PSA . Este exame favorece a detecção precoce da doença”, daí a importância da realização dos exames preventivos.
 
Prevenção
 
Dentre os pacientes que integram os grupos de risco, a prevenção precisa ser frequente e iniciada a partir dos 40-45 anos. Nos demais casos recomenda-se aos homens iniciarem o monitoramento através dos exames para detecção precoce, a partir dos 50 anos.
 
 Os exames realizados para se detectar, precocemente ou não, esse tipo de câncer, são: o toque retal, o exame de ultrassonografia transretal e o exame de PSA (antígeno prostático-especifico).
 
Para o radio-oncologista da Santa Casa de Araçatuba afirma que “a melhor forma de screening ( triagem) do câncer de próstata é através da combinação toque retal e PSA, ao invés de somente o PSA ou somente o toque retal”
 
 Tratamento
 
O oncologista clínico Bruno Kersten , um dos responsáveis pelo acompanhamento clínico dos pacientes tratados na Santa Casa de Araçatuba  informa que  “ o tratamento do câncer é complexo e multiprofissional e deve estar de acordo com a realidade de dada sociedade”.
 
Existem várias formas de tratamento. No entanto a escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após discutir os riscos e benefícios do tratamento com o médico.
 
“Idealmente, pacientes com doença localizada e com uma sobrevida estimada maior que 10 anos, deve ser submetido à prostatectomia radical com linfadenectomia, se indicado. Caso haja recidiva da doença, este resgate deve ser feito com radioterapia”, explica Kersten.
 
 
A Prostatectomia Radical, consiste na  remoção da próstata. Já  a radioterapia cuja utilização tem sido bastante frequente no Brasil e em alguns países supera em quantidade em relação à realização de cirurgias , é realizada através de uma acelerador linear, equipamento que possibilita injetar doses de radiação diretamente nas células cancerígenas, preservando as células em tecidos sadios.
 
“Pacientes com sobrevida inferior há 10 anos ou contraindicação cirúrgica, devem ser submetidos à radioterapia, associada ou não à hormônioterapia. Caso haja recidiva de doença nestes pacientes, este resgate pode ser feito com cirurgia, mas os índices de complicações são consideráveis”, explica o oncologista Kersten.
 
A hormônioterapia anti-androgênica é utilizada tanto na doença localizada (de médio e alto risco) quanto nas doenças, localmente avançada e metastática. Esta modalidade de tratamento pode ser cirúrgica (definitiva) com a orquiectomia bilateral (castração), ou medicamentosa com comprimidos (bloqueadores periféricos) ou injetáveis (bloqueadores centrais do LHRH).
 
 
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