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20/02/2010 - Ginecologista indica tratamento para incontinência urinária

A perda involuntária de urina diante de atos simples do dia a dia como tossir, espirrar ou levantar algum peso significa um grande constrangimento para muitas mulheres. Mesmo um momento de alegria, como o riso, pode resultar em episódios de incontinência urinária. Segundo dados da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), o problema atinge de 10% e 15% das mulheres adultas. Seja por constrangimento ou desinformação, muitas mulheres que sofrem de incontinência não procuram ajuda médica. Ao mesmo tempo, com medo de urinar em público ou exalar odor de urina, elas deixam de participar de atividades sociais e acabam se tornando pessoas isoladas. Mas, segundo os especialistas, a incontinência urinária não deve ser considerada um motivo de vergonha e, muito menos, uma consequência natural do envelhecimento. Trata-se de uma disfunção que precisa ser investigada e tratada. Para combater a incontinência, a medicina dispõe de um leque de recursos que incluem medicamentos, fisioterapia, cirurgia e até aplicações de botox, a toxina botulínica bastante conhecida por suas funções na medicina estética. CAUSAS Segundo o ginecologista e obstetra Joy Okasaki, formado pela Faculdade de Medicina de Botucatu, a incontinência urinária pode ser causada por vários fatores. “O problema é mais frequente em mulheres que tiveram filhos por parto normal ou que apresentam deficiências hormonais. Isso acontece porque o parto normal pode provocar o estiramento ou ruptura de nervos e músculos que sustentaram o chamado assoalho pélvico. Isso reduz a capacidade de contração desses músculos”, explica o médico. “Em alguns casos, o relaxamento do assoalho pélvico faz com que a bexiga se desloque da posição normal, permanecendo em uma área mais baixa do que deveria, o que também dificulta o controle da urina”, completa. No caso de alterações hormonais, o problema acontece após a menopausa e está relacionado ao ressecamento da mucosa vaginal, o que também contribui para a redução da elasticidade na área e a consequente perda de urina. “A faixa mais atingida pelo problema é composta por mulheres que, no passado, tiveram muitos filhos por parto normal, e que já passaram pela menopausa”, explica. “Nesse caso, o que acontece é uma hipermobilidade da uretra, que faz com que ela desça mais de dois centímetros do nível normal, dificultando a retenção da urina.” Algumas infecções urinárias também podem provocar incontinência. TIPOS De acordo com o especialista, existem várias formas de incontinência urinária. As mais comuns são a incontinência por esforço (quando se elimina urina ao tossir, espirrar ou levantar peso), causada pela perda da capacidade do esfíncter urinário (válvula que mantém a urina na bexiga); e a de urgência (vontade urgente de urinar, sem dar tempo de chegar ao banheiro), que ocorre por uma disfunção da bexiga. Há ainda a incontinência por extravasamento, quando a perda de urina acontece de forma contínua, em pequenas quantidades e sem que a mulher perceba que está urinando. Nesse caso, a origem do problema também está no esfincter uretal, que perde a capacidade de se contrair. O exame indicado para realizar um diagnóstico preciso é o estudo Urodinâmico, que identifica a incontinência por esforço e a urgência miccional. “Durante o exame, a paciente repete as situações que podem desencadear o problema. Por isso, precisa espirrar, tossir e fazer alguns movimentos”, explica o médico. Quando a incontinência é provocada por infecções, ou quando se trata de um caso de urgência miccional, o tratamento é realizado com remédios. Já nos casos de. incontinência por esforço, a cirurgia pode ser indicada. “Existem várias técnicas cirúrgicas, cada vez mais modernas, e a paciente consegue ter o problema resolvido com muito pouco tempo de internação.” Ainda de acordo com o médico, os resultados costumam ser bastante favoráveis. “A técnica cirúrgica mais antiga, chamada cirurgia de períneo, tinha até 80% de reincidência. Ou seja, em um período de cinco anos, oito em cada dez mulheres que faziam a cirurgia, voltavam a ter o problema”, lembra o especialista. “Mas, atualmente, usamos a cirurgia de alça, que tem praticamente 100% de êxito.” Em casos mais complexos, a cirurgia e os medicamentos são usados de maneira combinada. Segundo Joy Okasaki, o tratamento traz incontáveis benefícios para a mulher: “Melhora a qualidade de vida e também o relacionamento com o marido ou companheiro, pois as mulheres que sofrem de incontinência ficam constrangidas e acabam evitando o ato sexual.” Okasaki lembra que nenhuma mulher deve conviver com a incontinência, independente da idade. “O tratamento traz benefícios em todos os casos”, garante. Por isso, diante dos sintomas, é preciso procurar o especialista. “A especialidade médica indicada para tratar a incontinência é a ginecologia. Em alguns casos, o tratamento é feito em conjunto com o urologista. Porém, o primeiro passo é mesmo procurar um ginecologista.” Outras Dúvidas Apenas o tratamento cirúrgico resolve a incontinência urinária feminina? Dr. Joy Okasaki, ginecologista, obstetra e mastologista “Existem outras opções de tratamento,dentre as quais a fisioterapia, utilizada para fortalecer o assoalho pélvico e eficiente nos casos iniciais de incontinência. Atualmente também são realizadas aplicações de botox para corrigir a posição da uretra. Porém, o efeito do botox é transitório e o tratamento precisa ser repetido periodicamente”. A incontinência urinária é um problema especifico das mulheres? “Apesar de ser mais comum em mulheres, a incontinência urinária também pode aparecer nos homens. Geralmente a disfunção acontece por causa de problemas na próstata, como a hiperplasia benigna, as infecções ou mesmo o câncer. Como se trata de um sintoma de outro problema, todo caso de incontinência urinária, por mais leve que seja, deve ser investigado e tratado. Porém, no caso dos homens o especialista indicado é o urologista, mas o paciente pode abordar a questão com qualquer médico de sua confiança, que vai encaminhá-lo ao profissional adequado. A incontinência urinária masculina é bastante comum em homens que precisaram retirar a próstata, geralmente por causa do câncer. Porém, na maioria dos casos, o controle sobre a urina é recuperado em um período que varia entre seis meses e um ano”.
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