Notícias


16/06/2010 - Ortopedista explica diferenças entre artrite e artrose

Confundir artrite com artrose é um erro comum.  Até mesmo pacientes que sofrem com esses problemas costumam ter dúvidas. Porém, apesar de as duas doenças terem o mesmo alvo: as articulações, elas têm causas, características e evoluem de maneiras diferentes. Por isso, os tratamentos também são diferenciados.

“A artrite é um processo inflamatório que pode atingir todas as articulações”, explica o ortopedista Fabrício Gomes Benez, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, da Sociedade Brasileira do Quadril e da Academia Americana de Ortopedia, da qual é filiado internacional. “Já a artrose é um desgaste da articulação que pode acontecer na coluna, nos joelhos e, principalmente, no quadril”, completa. Benez é o responsável pelo ambulatório de Cirurgias Ortopédicas, da Santa Casa de Araçatuba.

Segundo o especialista, existem vários tipos de artrite, mas a reumatóide é a mais confundida com a artrose. “A artrite reumatóide é uma doença autoimune, as células de defesa do organismo passam a atacar as articulações e isso provoca a inflamação”, explica o médico. “Nem todos que sofrem de artrite vão desenvolver a artrose. Mas isso pode acontecer, pois a inflamação dificulta a nutrição da cartilagem das articulações, que ficam fracas e sujeitas à deformação e desgaste.”

Além de ser uma consequência da artrite, a artrose pode ser provocada por outros fatores, como excesso de peso, que causa sobrecarga nas articulações. Também pelos movimentos repetitivos realizados por esportistas e trabalhadores braçais.

Ainda de acordo com o médico, as duas doenças apresentam o mesmo sintoma inicial: a dor. Porém, essa dor se manifesta de maneiras diferentes: “No caso da artrite, a dor é generalizada em vários pontos da articulação. Também pode ser percebida em todas as articulações ao mesmo tempo”, explica. “Já a dor da artrose acomete um ponto específico da articulação.”

TRATAMENTO

Na fase inicial, tanto a artrite quanto a artrose são tratadas com medicamentos. No caso da artrite, o objetivo é conter a inflamação e evitar que a doença evolua para um quadro degenerativo. Já a artrose, quando chega a um estágio avançado, pode ser tratada com cirurgia.
“A cirurgia é indicada quando a articulação está lesionada, o paciente tem dor o tempo todo e a mobilidade foi comprometida”, explica Benez.

Uma das cirurgias mais complexas dessa especialidade é a artroplastia total, ou seja, a substituição das articulações do quadril por próteses. “Há vários tipos de artroplastia e cabe ao especialista definir a ideal para cada caso”, explica. “Existem artroplastia que são fixadas com cimento ósseo e outras que não utilizam esse cimento, mas o próprio osso se fixa a ela”, detalha.

“Há ainda uma técnica na artroplastia que chamamos de recapeamento. Nesse caso, o quadril é retirado e reconstruído com uma biomecânica semelhante a uma articulação saudável”, explica o especialista.

“Essa técnica permite que o paciente recupere os movimentos e tenha pouco desgaste da artroplastia, pois ela é recoberta por metal.”

Com o tempo, a prótese de quadril, seja de metal ou de uma combinação de metal e polietileno (a mais utilizada) também sofre desgaste. Até mesmo as próteses de cerâmica, consideradas as mais resistentes, têm um limite de durabilidade. “Essa durabilidade depende da idade do paciente e do tipo de atividade que ele executa”, explica o médico. “No caso de pacientes jovens, que são mais ativos, a durabilidade é menor. Porém, a  média varia entre 15 e 20 anos”, explica. “Depois desse período pode ser necessária uma nova cirurgia.”

FISIOTERAPIA

A fisioterapia como tratamento no inicio da doença, ajuda a retardar o desgaste precoce das articulações e é um importante instrumento para a recuperação do paciente submetido à artroplastia: “O ideal é fazer um planejamento com o fisioterapeuta antes mesmo da cirurgia, para definir que tipos de exercícios o paciente fará imediatamente após a operação e durante o período de recuperação”, explica o médico. “Isso é importante, pois os pacientes que sofrem de artrose grave costumam ter perda de movimentos, o que acarreta atrofias musculares. Por isso, após a cirurgia, eles podem sentir dor. A recuperação da musculatura possibilita a melhoria da qualidade de vida desses pacientes”, completa o especialista.

Ainda de acordo com o médico, a cirurgia é importante para que o paciente possa levar uma vida normal, sem a necessidade de tomar uma grande quantidade de analgésicos e anti-inflamatórios, que podem provocar efeitos colaterais. “O uso prolongado desses medicamentos prejudica o funcionamento dos rins e do fígado”, adverte.

DIAGNÓSTICO

Tanto a artrite quanto a artrose precisam ser diagnosticadas o quanto antes. O diagnóstico precoce é importante para minimizar sequelas e adiar a necessidade de cirurgia. No caso da artrite, a doença é diagnosticada com base nos sintomas, histórico do paciente e exames laboratoriais como a cintilografia óssea. Os dados são importantes para evitar que uma inflamação provocada por trauma mecânico seja confundida com a artrite reumatóide.

Já a artrose pode ser identificada por meio de exames clínicos e imagem, inclusive o mais simples deles, o raio-X.

Enquanto a artrose é um problema característico de pacientes acima dos 60 anos, a artrite pode aparecer em jovens. Por isso, quanto mais cedo for diagnosticada, melhor é o prognóstico e mais chances de a cirurgia ser adiada ou até se tornar desnecessária.

Compartilhe: