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26/01/2010 - Pé do diabético precisa de cuidados,alerta especialista

Quem pisa em um espinho ou caco de vidro vai logo observar o ferimento e providenciar um curativo. Já quem calça um sapato apertado trata de se livrar dele o quanto antes. A dor é o aviso de que algo está errado e ajuda a maioria das pessoas a cuidar dos pés. Porém, quem sofre de diabetes pode não perceber esse alerta. A doença frequentemente deixa os pés insensíveis e o diabético pode pisar em um objeto pontiagudo, no chão muito quente ou usar um sapato apertado por horas, sem saber que seus pés estão sendo feridos.

O problema se torna ainda mais preocupante devido à dificuldade que o organismo do diabético tem de se proteger das infecções, uma característica da doença. Por isso, qualquer tipo de ferimento, por menor que seja, pode gerar problemas maiores: "O diabético tem dificuldade para combater infecções", explica o cirurgião vascular Gustavo Afonso Caserta. "Qualquer processo infeccioso, como em uma unha encravada ou um machucado pequeno, por exemplo, é mais difícil para sarar do que seria o normal. Os níveis elevados de açúcar no sangue comprometem as defesas naturais do organismo. Apenas um ou dois dias são suficientes para que um quadro de infecção no pé de um diabético adquira grandes proporções.”

Ainda, de acordo com o médico: “O diabetes, assim como o tabagismo, a hipertensão arterial e o excesso de colesterol, são fatores que facilitam o entupimento da circulação, chamado aterosclerose. Assim o paciente pode apresentar um conjunto infecção no pé, somado à falta de circulação, que se não tratadas adequadamente, pode levar à amputação” .

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), a cada 30 segundos, um diabético tem um dos pés ou pernas amputados no mundo. Além disso, portadores da doença têm de 10 a 40 vezes mais chances de sofrer a lesão, em comparação com as pessoas saudáveis. A OMS lembra que através do controle da hiperglicemia e cuidados com os membros inferiores, cerca de 85% das amputações seriam evitadas.

 “O pé diabético é um capítulo importante da cirurgia vascular, devido aos crescentes números da doença no mundo e suas possíveis complicações”, afirma o especialista.
Em seus anos de experiência, o cirurgião atendeu inúmeros casos de complicações causadas por ferimentos não tratados ou por falta de cuidados com os pés. “Os diabéticos precisam ter uma atenção especial com os pés”, alerta o cirurgião.

“Por exemplo, os sapatos e chinelos inadequados ou apertados são absolutamente proibidos", afirma Caserta. "O calçado precisa ser macio, confortável e estar livre de costuras, pontas ou pregos que possam machucar."
O motivo de tanta preocupação está relacionado às estatísticas mundiais. O número de diabéticos no mundo tem aumentado e a doença já é considerada uma pandemia.

Desabamento dos ossos

O especialista explica ainda que, ao longo dos anos, a diabetes prejudica a microcirculação que irriga os nervos e ossos, podendo causar deformações: "Os pés normais são em forma de arco, mas os pés dos diabéticos vão ficando achatados com o tempo. É um processo que chamamos de desabamento dos ossos”. Quando isso acontece é preciso usar calçados especiais para corrigir a deformidade e garantir que o paciente possa continuar caminhando com segurança.
O mercado de produtos ortopédicos oferece várias opções de calçados e palmilhas especiais para diabéticos. São modelos altos, macios e antiderrapantes, características que evitam ferimentos nos pés.  Também há profissionais especializados em adaptar os calçados às necessidades de cada paciente, através de formas personalizadas. 

Mesmo os pacientes que sofreram lesões anteriores precisam continuar cuidando dos pés com muita atenção, para que o problema não volte a se repetir. "Quem tem diabetes precisa examinar os pés todos os dias", reforça o cirurgião Gustavo Caserta. "

Formado em Sorocaba pela PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Gustavo Caserta se especializou em cirurgia vascular, área voltada aos cuidados com a circulação periférica, principalmente braços e membros inferiores. Fez residência no hospital Jaraguá, em São Paulo. O médico também fez especialização em cirurgia endovascular (procedimento pouco invasivo, realizado por meio de cateter) em Barcelona, na Espanha, onde permaneceu por dois anos.

Serviço: O Cirurgião Vascular Gustavo Caserta, atende em consultório localizado á rua Oscar Rodrigues Alves,693- fone (18)3622-1600


Visita regular à Podóloga evita problemas

A podóloga Fabiana Vieira de Arruda, que também é professora do curso de podologia do Senac de Araçatuba, conhece bem as complicações que a doença pode provocar nos pés dos diabéticos. "Há alguns meses atendi um senhor que vestiu um sapato para ir a um casamento e não percebeu que havia um brinquedinho de criança dentro dele.. Ele usou o sapato a noite toda e não sentiu que a peça estava machucando seus dedos. O resultado foi uma infecção muito grave e ele acabou tendo dois dedos amputados."

Segundo a podóloga, muitos diabéticos só percebem que estão tendo os pés machucados quando sentem que as meias estão molhadas de sangue, ou na hora que vão tirar os sapatos. "Por isso, o diabético deve olhar dentro de cada sapato para ver se não há alguma pedrinha ou outro objeto, antes de calçá-lo."

A profissional também recomenda o uso de meias de algodão sem costura. "O algodão absorve a umidade e evita o aparecimento de frieiras, que são portas de entrada para infecções"
 Fabiana explica que as unhas devem ser cortadas de forma reta, para que não aconteça o encravamento nos cantos. As cutículas não devem ser retiradas, pois são uma proteção natural, e o diabético deve manter os pés sempre hidratados, usando creme específico para essa região do corpo. "Porém, a pessoa deve evitar passar creme entre os dedos, para que não haja excesso de umidade nessas regiões", completa.

De acordo com Fabiana, o ideal seria que todo diabético visitasse um podólogo pelo menos uma vez por mês. "Esse profissional está preparado para cortar as unhas de maneira correta, remover o excesso de cutículas e cuidar dos calos sem prejudicar a saúde dos pés. Além disso, se verificar qualquer problema, o podólogo vai alertar o paciente para que procure o cirurgião vascular."

Serviço: A podóloga Fabiana Vieira de Arruda, atende em consultório localizado á rua Mato Grosso,400

Cuide bem dos pés

Veja os principais cuidados que devem ser tomados pelos diabéticos em relação aos pés

Manter o diabetes sob controle, consultar sempre um clínico geral ou endocrinologista.

NUNCA andar descalço!

Não usar sapatos de “bico fino”.

Escolher apenas calçados confortáveis e espaçosos.

Verificar com as mãos o interior dos sapatos antes de calçá-los.

Não utilizar chinelos com apoio entre os dedos.

Manter sempre secos os vãos entre os dedos, para prevenir micoses (“frieiras”).

Um dermatologista deve ser consultado no caso de micose ou alteração nas unhas.

Cuidado com quedas, tropeços ou caminhadas em terreno acidentado.

Verificar a temperatura da água quando for lavar os pés, para não queimá-los.

Usar meias de algodão sem costura e meias de lã durante o inverno, evitando tecido sintético.

Verificar os pés todos os dias ou pedir que alguém o faça.

Cortar as unhas de forma reta e não retirar as cutículas.

Usar óleo ou creme hidratante para os pés, não passar entre os dedos.
Visitar um podólogo uma vez por mês.

Procurar um cirurgião vascular caso perceba qualquer ferimento nos pés.

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