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22/04/2013 - Quimioral é debatida em simpósio sobre câncer no pulmão

O uso de medicamentos quimioterápicos ou fármacos biológicos (criados a partir de células vivas) em forma de comprimidos ou cápsulas em vários tipos de câncer tem apresentado bons resultados no tratamento de pacientes com câncer de pulmão. Este foi um dos temas do II Simpósio Internacional de Câncer de Pulmão, realizado no inicio deste mês em São Paulo, com painéis ministrados por professores de oncologia clínica dos Estados Unidos e do Brasil.
 
 Comum nos Estados Unidos, onde é coberta pelos planos de saúde e disponibilizada em larga escala em toda a Europa, a quimioterapia oral ainda engatinha, no Brasil. Porém sua eficiência na destruição e/ou controle do desenvolvimento de células doentes, e a praticidade de poder ser administrada pelo paciente em sua própria casa, ajudariam o País a salvar mais vidas e economizar com tratamentos ambulatoriais e internações hospitalares.
 
O oncologista clínico Bruno Kersten, que participou do Simpósio Internacional, explica que a “a quimioterapia oral é utilizada, na maioria dos casos em pacientes com doença metastática e/ou naqueles que em decorrência da condição clínica debilitada, não suportariam uma terapêutica com quimioterapia intravenosa”.
 
Kersten que integra a equipe do Centro de Terapia Oncológica da Santa Casa de Araçatuba explica, no entanto, que quimioral ainda não é regulamentada no Brasil, por isto não é coberta por planos de saúde privados ou públicos. “Tenho tratado de pacientes com esta terapêutica, através de comprimidos dispensados mediante ordem judicial”, informa o oncologista clínico.
 
Pelo conteúdo apresentado no Simpósio e experiências compartilhadas por especialistas americanos durante o evento, Bruno Kersten conclui, que apesar de a quimioral não estar incluída entre os tratamentos padronizados, “a medicina oferecida aos nossos usuários, especificamente aos pacientes tratados pelo CTO da Santa Casa de Araçatuba, em nada tem de inferior à praticada pelos grandes centros oncológicos dos Estados Unidos. Com a vantagem de que o tratamento de boa qualidade é oferecido preferencialmente aos usuários do SUS”.
 
O oncologista cita como exemplo, a adoção pela Santa Casa de Araçatuba da moderna terapia oncológica de anticorpos monoclonais, mais conhecida, como quimioterapia inteligente. “Trata-se da terapia-alvo constituída por fármacos desenvolvidos pela biologia molecular. Medicamentos seletivos para as células cancerosas, ou seja, que destroem apenas o tumor e não todas as células, sejam elas sadias ou doentes, como acontece com a quimioterapia”, detalha Kersten, esclarecendo que “a primeira e mais antiga delas foi o uso do tamoxifeno, medicamento seletivo para os receptores de estrogênio, muito usado na terapia hormonal contra o câncer de mama. O segundo foi o Imatinib (Mabthera) anticorpo monoclonal usado em alguns casos de Linfoma não Hodgkin. Temos também o anticorpo monoclonal contra o receptor dos vasos sanguíneos VGFR (Bevacizumab - Avastin), o Sorafenib - Nexavar e o sunitinib - Sutent, que destroem os vasos sanguíneos que nutrem o tumor, usados em alguns tipos de câncer de mama, fígado e rim”, dentre outros, incluindo nestes grupos, o Personal Medicine (medicina individualizada), “termo mais corrente hoje e que trata em acordo com as alterações moleculares de cada indivíduo”.
 
Simpósio
O II Simpósio Internacional de Câncer de Pulmão foi realizado entre os dias 5 e 6 de abril, no Caesar Park Faria Lima, em São Paulo. Os principais temas discutidos foram sobre a prevenção, diagnósticos e manejo multidisciplinar.  O evento foi coordenado por Riad Younes, diretor clínico do Hospital Sírio Libanês e professor da Faculdade de Medicina da USP e;  Marcelo Cruz, oncologista clínico do Centro Avançado de Oncologia Hospital São José.  O Simpósio foi patrocinado pelo Hospital São José e pela indústria farmacêutica.
 
Um dos palestrantes, o brasileiro Renato Martins, diretor da divisão de oncologia torácica na escola de medicina da Universidade de Washington Seatlle EUA ficou desapontado ao saber que ainda não dispomos em nosso país de alguns medicamentos orais já amplamente disponíveis na pratica médica americana. Porém parabenizou a classe médica brasileira que, graças a incentivos federais proporciona a toda população, independente do seu plano de saúde ou classe social, uma medicina de qualidade, no campo da oncologia clinica diferentemente ao que acontece nos Estados Unidos, onde atua.
 
 Palestrantes
 
O Simpósio foi ministrado por 22 convidados nacionais e quatro especialistas americanos: Daniel B. Costa, professor assistente, do Departamento de Medicina de Harvard Medical School e integrante da equipe da Divisão de Oncologia de Beth Israel Deaconess Medical Center; Renato Martins, oncologista clínico e diretor da Divisão de Oncologia Torácica da Universidade de Washington School of Medicine; William N. William, oncologista clínico e professor assistente do Departamento de Oncologia Torácica e Cabeça e Pescoço do M.D.Anderson Câncer Center de Houston e; Rogério C. Lilenbaum, diretor médico do Hospital do Câncer Smilow e professor de Medicina da Yle University School of Medicine.
 
 
 
 
 

 

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