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14/11/2016 - Santa Casa vai rastrear a próstata de 172 inscritos

 Um total de 172 homens com idades acima de 45 anos e previamente inscritos, participarão no dia 26 deste mês do 3º Circuito da Saúde do Homem, denominado “A Santa Casa vai te dar um toque”. As inscrições já estão encerradas. Comparado a 2014, data da primeira edição, quando 115 homens participaram, a quantidade de inscritos para o Circuito desse ano cresceu aproximadamente 42%. A realização é da diretoria da Santa Casa de Araçatuba, com a coordenação científica da Direção Clínica,  Centro de Tratamento Oncológico  e Centro de Radioterapia, e apoio científico  da Gestão de Serviços Médicos.

 
O evento é o único em Araçatuba que combina simultaneamente educação sobre a doença e rastreamento para diagnóstico precoce. Os pacientes assistirão palestras que serão ministradas pelo oncologista clínico Bruno Guilherme Kersten e pelo radio-oncologista Caio Marcelo Jorge e passarão por coleta de sangue para exames de PSA (Prova do Antígeno Prostático) e toque retal.  O evento mobiliza em torno de 30 profissionais dentre médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.  
 
O toque retal é realizado sob a coordenação do médico radio-oncologista Caio Marcelo Jorge e os urologistas Fábio Navarro e Luiz Augusto Ramires Leão, que voluntariamente aderiram ao projeto do hospital. O exame é opcional.  No ano passado, do total de participantes, somente 7 inscritos optaram por não realiza-lo. O radio-oncologista Caio Marcelo Jorge, explica que embora o PSA sozinho  possa detectar 70% das neoplasias, “aproximadamente 25% dos tumores de próstata ocorrem em homens com PSA normal”. De acordo com o médico, 50% dos nódulos palpáveis são malignos.
 
“Por causa desta complexidade é importantíssimo a realização de uma biópsia detalhada, com um mínimo de 18 fragmentos da próstata. Pois quanto maior o universo prostático explorado e analisado, mais exata será a identificação do nódulo e maiores serão as chances de cura”, define o oncologista clínico Bruno Guilherme Kersten. Durante a palestra, Kersten reafirmou aos participantes a realização anual do rastreamento da próstata.
 
Os pacientes que apresentarem alteração no exame de PSA e/ou que tenham sido encontrados nódulos palpáveis durante o toque retal, serão encaminhados pela própria Santa Casa de Araçatuba para realização para exames complementares, como a biópsia, por exemplo. Casos comprovados de câncer e prostatite (inflamação aguda ou crônica que pode ser desencadeada por uma série de fatores) são automaticamente encaminhados para o Centro de Tratamento Oncológico da Santa Casa de Araçatuba.
 
Nos dois primeiros eventos foram detectados 16 casos dentre câncer (2) e prostatites (14), em homens com mais de 50 anos que ainda não tinham sintomas e desconheciam o quadro da doença. Desse total, 15 ainda estão em tratamento e 1 já recebeu alta.
 
Números
 
O câncer de próstata é a segunda maior forma da doença dentre os pacientes do sexo masculino, tratados pelo CTO da Santa Casa de Araçatuba. Em agosto, do total de 1.000 pacientes em atendimento, 402 casos são de câncer de próstata. 
 
No Brasil, dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) indicam que o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total de cânceres. Sua taxa de incidência é cerca de seis vezes maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento
 
 A doença é mais comum em homens da faixa etária dos 60 aos 70 anos e tem como fatores principais, a hereditariedade, fator idade (quando mais idoso maior o risco de a doença desenvolver), e fatores raciais (indivíduos de cor negra, em que a incidência desta doença é maior).
 
 De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca) em 2010 o Brasil registrou 12.778 mortes por câncer de próstata. O órgão projetou em 2012 o aparecimento de 60.180 novos casos.
 
O oncologista clínico do Serviço de Oncologia da Santa Casa de Araçatuba, Bruno Guilherme Kersten afirma que a quantidade de pacientes em tratamento cresceu na última década. “Isto se deve ao maior acesso ao exame de PSA. Este exame favorece a detecção precoce da doença”, daí a importância da realização dos exames anualmente.
 
Prevenção
 
O diagnóstico precoce do câncer de próstata aumenta as chances de cura e a expectativa de vida de pacientes vitimados pela doença. Além disto, oferece ao paciente a opção de ser tratado através de técnicas menos invasivas em relação à prostatectomia radical, (procedimento cirúrgico que resulta na remoção da próstata), como a radioterapia e/ou braquiterapia, por exemplo)
 
De acordo com o radio-oncologista Caio Marcelo Jorge, responsável técnico pelo Centro de Radioterapia da Santa Casa de Araçatuba, unidade que integra o Centro de Tratamento Oncológico da Santa Casa de Araçatuba, a técnica apresenta resultados equivalentes à prostatectomia, e em alguns casos “a radioterapia apresentou menos complicações em relação à cirurgia convencional, dentre as quais, a disfunção erétil e incontinência urinária”.
 
 No Brasil, a utilização da radioterapia e/ou braquiterapia tem sido bastante frequente no tratamento do câncer de próstata. “Em alguns países, a técnica supera em quantidade em relação à realização de cirurgias”,  explica Jorge.
 
 
Dentre os pacientes que integram os grupos de risco, a prevenção precisa ser frequente e iniciada a partir dos 40-45 anos. Nos demais casos recomenda-se aos homens iniciarem o monitoramento através dos exames para detecção precoce, a partir dos 50 anos.
 
 Os exames realizados para se detectar, precocemente ou não, esse tipo de câncer, são: o toque retal, o exame de ultrassonografia transretal e o exame de PSA (antígeno prostático-especifico).
 
Para o radio-oncologista da Santa Casa de Araçatuba afirma que “a melhor forma de screening (triagem) do câncer de próstata é através da combinação toque retal e PSA, ao invés de somente o PSA ou somente o toque retal”
 
Tratamento
 
O oncologista clínico Bruno Kersten, um dos responsáveis pelo acompanhamento clínico dos pacientes tratados na Santa Casa de Araçatuba informa que “o tratamento do câncer é complexo e multiprofissional e deve estar de acordo com a realidade de dada sociedade”.
 
Existem várias formas de tratamento. No entanto a escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após discutir os riscos e benefícios do tratamento com o médico.
 
“Idealmente, pacientes com doença localizada e com uma sobrevida estimada maior que 10 anos, deve ser submetido à prostatectomia radical com linfadenectomia, se indicado. Caso haja recidiva da doença, este resgate deve ser feito com radioterapia”, explica Kersten.
 
 
A prostatectomia radical, consiste na remoção da próstata. Já a radioterapia cuja utilização tem sido bastante frequente no Brasil e em alguns países supera em quantidade em relação à realização de cirurgias, é realizada através de uma acelerador linear, equipamento que possibilita injetar doses de radiação diretamente nas células cancerígenas, preservando as células em tecidos sadios.
 
“Pacientes com sobrevida inferior há 10 anos ou contraindicação cirúrgica, devem ser submetidos à radioterapia, associada ou não ao hormônio terapia. Caso haja recidiva de doença nestes pacientes, este resgate pode ser feito com cirurgia, mas os índices de complicações são consideráveis”, explica o oncologista Kersten.
 
 
 
 
 
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