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30/06/2010 - Uma arma contra o inimigo das mulheres

Uma vacina capaz de prevenir a infecção pelo HPV. Essa novidade da medicina é a principal arma que existe hoje para prevenir uma das doenças que mais matam mulheres entre 40 e 60 anos no Brasil: o câncer do colo do útero. De acordo com dados do Ministério da Saúde, são cerca de nove mil mortes por ano. Muitos desses casos poderiam ter sido evitados se essas mulheres fossem vacinadas ou tivessem passado pelo exame capaz de detectar a lesão ainda no início.

"Existem mais de 100 tipos de HPV e nem todos são mortais", explica a ginecologista e obstetra Margarete Assis Lemos. "O HPV do tipo 6 e tipo 11, por exemplo, são chamados de baixo grau e provocam verrugas na área genital ou em outras áreas do corpo, como o canto da boca e dos olhos. Já os vírus dos tipos 16 e 18 são bem mais agressivos e estão diretamente associados aos casos de câncer do colo do útero." Segundo a médica, a identificação das diversas categorias de HPV foi fundamental para o desenvolvimento das vacinas. "Existe uma vacina que previne o câncer e as verrugas, e outro tipo de vacina que previne só o câncer, o que já é muito importante", detalha.

Ainda de acordo com Margarete, a vacinação é recomendada para meninas a partir de nove anos: "Essa é a idade ideal, pois elas ainda não tiveram nenhum contato com o vírus, já que ainda não iniciaram a atividade sexual". Porém, mesmo as mulheres que já têm vida sexual ativa podem se beneficiar dessa forma de prevenção. "Como existem diversos tipos de vírus, a mulher pode ter tido contato com um tipo, mas não com outro. Por isso a vacina ainda é uma proteção."

O problema é que as doses ainda não estão disponíveis na rede pública e o preço está fora do alcance da maioria das brasileiras. "A vacina é dada em três doses, cada dose custa R$ 400", explica Margarete. A médica acredita que, no futuro, as autoridades de saúde vão perceber que vale a pena investir nesse tipo de prevenção, já que o custo da vacina é muito menor do que o do tratamento do câncer do colo do útero. "Mas isso ainda vai demorar muito tempo, cerca de 15 ou 20 anos", calcula.

Mas a vacina não é a única maneira de a mulher se prevenir contra o câncer do colo do útero. Ainda de acordo com a médica, o preservativo é uma barreira eficiente para evitar a contaminação pelo HPV. "Mas é importante deixar claro que a camisinha deve ser colocada antes de qualquer contato sexual entre o homem e a mulher", explica Margarete. “Isso porque o HPV pode se alojar na parte externa dos genitais e, mais tarde, migrar para o interior da vagina, onde provoca as lesões mais perigosas.”
Além do preservativo e de uma boa higiene (já que o vírus gosta do ambiente proporcionado pelos restos de secreções que se acumulam quando a mulher não lava corretamente os genitais), também é importante que as mulheres façam o papanicolau. O exame identifica a presença do HPV e de qualquer alteração provocada pelo vírus nos tecidos do corpo feminino.

"Quando é identificada uma lesão pré-cancerígena provocada pelo HPV, nós vamos acompanhar de perto o caso para ver a evolução dessa lesão", afirma a especialista. Segundo a médica, o vírus pode permanecer inativo. Porém, no caso de a lesão evoluir para um grau mais perigoso, é necessário um procedimento cirúrgico, que pode ser a retirada de parte do colo do útero ou até a histerectomia, um procedimento mais radical, mas que pode salvar a vida da mulher.

Para evitar a necessidade desse tipo de cirurgia, a médica insiste na prevenção: "Mesmo as mulheres vacinadas devem exigir o preservativo e fazer o exame preventivo uma vez por ano. Só assim elas vão estar protegidas dessa doença tão grave", conclui.

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