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13/01/2010 - Cirurgia pediátrica faz parte da rotina do hospital

A saúde das crianças é motivo de constante preocupação para os pais. Quem tem filhos sabe muito bem o que é perder noites de sono ao lado do berço ou da cama infantil, esperando a febre ceder e apurando os ouvidos para perceber se a respiração está normal.

A visita ao pediatra por causa de uma indisposição ou outro sintoma corriqueiro já é motivo suficiente para causar grande ansiedade. Por isso, a notícia de que um recém-nascido ou uma criança ainda pequena terá de passar por uma cirurgia é capaz de colocar qualquer pai ou mãe em  pânico.
 
O cirurgião pediátrico Aimar Garcia Sanches conhece bem essa realidade. O médico é responsável pelos procedimentos cirúrgicos em crianças que nascem com problemas de má-formação ou que sofrem de alguma patologia que requer tratamento cirúrgico.
 
Além da preocupação com o tratamento que será dispensado à criança, o especialista também dedica boa parte das consultas para preparar os pais, deixando-os tranqüilos em relação ao tratamento e para que não transmitam insegurança aos pequenos pacientes.
 
“O contato do cirurgião pediátrico com a família é sempre muito tenso”, explica Sanches. “Os pais já passaram pelo pediatra e sabem que agora vão falar com o profissional que vai decidir sobre como e quando o filho deles será operado.”
 
Para lidar com essa situação delicada, Sanches jamais abandona um princípio: dizer a verdade!  “Sou sincero ao explicar o que é a patologia, qual a evolução natural caso a operação não seja realizada e o que é esperado do tratamento cirúrgico. Diante dessas informações, os pais se sentem seguros em relação ao tratamento.”
 
Falar com clareza e sinceridade também é a melhor opção para que a criança compreenda o momento pelo qual está passando e se sinta confiante: “Quando a criança já tem idade para entender, oriento os pais para que não escondam nada do que vai ser feito. As crianças são inteligentes e entendem o que está acontecendo. Por isso, os pais devem evitar chorar ou assumir qualquer outro tipo de postura que transmita insegurança para o filho”, afirma.
 
A segurança dos pais é fundamental para que a criança permaneça tranqüila até a hora da operação. “Hoje é permitido que um dos pais permaneça com a criança na sala de cirurgia até que a mesma seja anestesiada. Antes, os pais só podiam ir até a entrada do centro cirúrgico e a despedida era muito difícil” lembra o especialista. “Com a mudança, o acompanhante só deixa a criança quando ela já está dormindo, o que traz um grande conforto para ambos.”
 
Além do cuidado necessário com o lado emocional de pais e pacientes, o especialista precisa de uma formação específica para tratar das patologias mais comuns que acometem as crianças nos primeiros anos de vida.
 
“O cirurgião pediátrico não é apenas um cirurgião geral que opera crianças”, explica o médico. “Trata-se de um profissional com treinamento e capacitação para cuidar dos problemas específicos que atingem as crianças, desde os recém-nascidos até os adolescentes.”
 
Um dos problemas mais comuns que precisam da intervenção do cirurgião pediátrico é a hérnia inguinal (quando uma alça do intestino fica presa em uma espécie de saquinho na região da virilha). O problema é mais freqüente em meninos do que em meninas e só pode ser solucionado pela cirurgia.
 
O especialista também está apto a resolver outros tipos de má formação congênita, principalmente no Aparelho Genito Urinário e no Sistema Digestivo. “Um caso que não me esqueço foi o de um menino de Três Lagoas que nasceu sem o esôfago e a cirurgia era a única chance dele ter uma vida normal. Felizmente o tratamento foi um sucesso, já completou 13 anos”, comemora o cirurgião. Além do tratamento das malformações digestivas, urinárias, torácicas e das patologias de cabeça e pescoço a especialidade também atua no tratamento de patologias oncológicas desta faixa etária e dos quadros de urgências e emergência.
 
Apesar de lidar com pacientes que parecem tão frágeis, o especialista conta que as crianças surpreendem pela capacidade de recuperação. “Realizar uma cirurgia em uma criança é sempre muito gratificante, pois a resposta ao trauma cirúrgico costuma ser espantosa. Passam por uma cirurgia em um dia, e  no dia seguinte, já estão sorrindo, se alimentando e até andando. O metabolismo delas é algo admirável”, completa.
 
 
Cirurgias mais difíceis decorrem de acidentes domésticos
 
A soda cáustica guardada na garrafa de refrigerante é um atrativo para as crianças. A embalagem familiar aguça a curiosidade e o produto acaba indo parar na boca. O resultado? Lesões graves, que podem levar à morte! O alerta é do cirurgião pediátrico Aimar Garcia Sanches, membro da Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica e que há 13 anos atua no Serviço de Cirurgia Pediátrica da Santa Casa de Araçatuba. “Os cirurgiões têm pânico de receber esse tipo de lesão”, declara o médico. “São cirurgias difíceis. As crianças sofrem um processo inflamatório terrível e sentem muita dor.” 
 
O sofrimento e as seqüelas provocadas por esse ou outros tipos de acidentes envolvendo crianças são motivo de preocupação para o especialista. Segundo ele, os pais precisam ser mais atentos e cuidadosos, pois muitos casos que terminam na mesa de cirurgia poderiam ter sido evitados.
 
Dados do Ministério da Saúde mostram que, a cada ano, 140 mil crianças são hospitalizadas no Brasil por causa de acidentes dentro e fora de casa. Dessas, cerca de seis mil não resistem e acabam morrendo, dado que torna os traumas e as intoxicações as principais causas de morte de crianças entre zero e catorze anos no País. São vítimas de ingestão de produtos tóxicos, cortes, quedas, queimaduras e outros tipos de acidentes.
 
  “Nossa região tem uma particularidade que são os acidentes envolvendo cavalos, tanto quedas quanto coices”, afirma o médico. “Também são comuns os ataques de cães, inclusive animais considerados dóceis.” Por isso, dá um conselho: “Os adultos não devem confiar cegamente nos animais. Já operei um menino que teve o rosto dilacerado pelo cão da família, que convivia com ele há anos”, explica.
 
Ainda de acordo com Sanches, os acidentes automobilísticos geralmente são os que têm as conseqüências mais graves. Como exemplo, ele cita uma paciente morador de Auriflama, que foi vítima de um atropelamento: “Essa criança teve uma ruptura quase que completa no fígado”, lembra o cirurgião. “Foi operada e permaneceu internada por quase dois meses, mas conseguimos que se recuperasse completamente.”
 
Também chegam às mãos do especialista diversos casos de acidentes que acontecem durante a prática de esportes, como o skate e a bicicleta. “Esse tipo de ferimento não costuma ser tão grave, mas poderia ser evitado se a criança usasse os equipamentos de segurança, que são o capacete, as joelheiras e as cotoveleiras.”
 
 Prevenção

Veja as orientações do especialista para evitar os acidentes mais comuns envolvendo crianças

Alguns produtos são proibidos em casas que têm crianças, como o álcool líquido (altamente inflamável), inseticidas, herbicidas, raticidas e as substâncias cáusticas e ácidas usadas em limpeza.

Arma de fogo e medicamentos sempre devem ser guardados em locais em que as crianças não tenham acesso.

Piscinas cobertas ou cercadas. Durante o uso sempre com supervisão de adulto.

Acesso proibido à cozinha durante o preparo das refeições.

Não permitir a manipulação de materiais perfurantes, cortantes e que possam expor o menor ao choque elétrico.

Nenhum produto deve ser guardado em garrafas de refrigerante. Não reutilizar embalagens.
É preciso ter cuidado com churrasqueiras. É comum os adultos utilizarem álcool para acender o fogo e esquecerem o produto ao alcance das crianças.

Crianças devem andar no banco de trás do carro, as menores em cadeirinhas especiais. Os adultos jamais devem dirigir embriagados.

Crianças devem usar os equipamentos de segurança adequados para cada esporte. No caso do skate e da bicicleta, o uso de capacete, joelheiras e cotoveleiras previne lesões graves.

Crianças não devem permanecer sozinhas com animais. Casos de coices de cavalos e mordidos de cães são comuns na região de Araçatuba.

A criança nunca deve ser supervisora de outra criança.
 

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