Esta é a sexta captação de órgãos realizada neste ano pela Santa Casa de Araçatuba.
Os pais da adolescente foram comunicados pela equipe médica na manhã de segunda-feira (3) sobre a abertura do protocolo para investigar a possível morte encefálica. O procedimento determina que o paciente seja examinado por três médicos. Dois deles já tinham finalizado os exames no início da tarde daquele dia.
A reportagem visitou a família da vítima naquela tarde. O padrasto de Adriane, Reginaldo Moloni, 44, disse na ocasião que se fosse constatada a morte cerebral, seria favorável à doação de órgãos. Entretanto, explicou que a decisão seria da mãe da menina, a dona de casa Roseli Aparecida Ferro Moloni, 36. Bastante emocionada, ela não conseguiu falar se concordaria com a doação.
Procurada ontem, a mulher informou que tinha esperança de que os exames dessem negativo para a morte encefálica.
“A esperança é a última que morre. Como não foi possível, concordei em doar os órgãos por saber que parte da minha filha estará viva em outras pessoas”, declarou.
CAPTAÇÃO
Com a autorização da família, a Comissão Intra-hospitalar de Transplantes da Santa Casa entrou em contato com a Central Nacional de Transplantes.
A captação do fígado foi feita por equipe cirúrgica do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, enquanto os rins e as córneas foram retirados por equipe do Hospital de Base de São José do Rio Preto.
O hospital informa que apesar de a paciente ter perfil indicado para doação de pulmões e coração, estes órgãos não foram retirados devido à utilização de medicamentos durante o período de internação.
O procedimento de captação do fígado começou às 10h15 e durou cerca de duas horas. O órgão deveria ser implantado em outro paciente ontem mesmo, pois o fígado deve ser transplantando em até 12 horas após a retirada. (veja infográfico)
Na sequência foram retirados rins e córneas, que ficarão à disposição da Central Nacional de Transplantes. O trabalho foi concluído às 13h50.
Às 14h30, Roseli foi ao plantão policial buscar o requerimento para exame necroscópico no IML (Instituto Médico-Legal). A previsão era de que o velório seria iniciado ontem à noite. O corpo seria velado na capela do Velório Municipal e o enterro estava previsto para hoje, às 17h, no cemitério Recanto de Paz, no Jardim Rosele.
INÍCIO
Segundo a família, Adriane e o acusado do crime estavam juntos há cerca de três meses e se conheceram na praça do bairro Pinheiros, em Araçatuba, onde os dois moravam. Dias após iniciarem o relacionamento, a menina saiu de casa para morar com ele, no bairro rural Caramuru, em Rubiácea. Na ocasião, a família, que era contrária ao relacionamento, registrou boletim de ocorrência denunciando a fuga.
No período em que moraram juntos, o desempregado teria agredido a vítima duas vezes. Mesmo assim, ela continuou com ele. Ao ser preso, ele disse à polícia que discutiram por ciúme e alegou que a jovem teria riscado a perna dele com uma faca. A arma usada para atirar na vítima, uma garrucha, não foi encontrada pela polícia.