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20/12/2008 - Governo e indústria fecham meta para eliminar gordura trans até 2010 -

Governo e indústria estabelecem cronograma de ações para a eliminação de gordura trans e redução de sal e açúcar dos produtos elaborados no Brasil

O Ministério da Saúde e a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) estabeleceram, nesta quinta-feira (18), uma agenda de metas para a eliminação dos teores de gordura trans dos alimentos industrializados no país. Um dos compromissos assumidos é a supressão desses índices, até o final de 2010, conforme os parâmetros recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que define um limite de 2% de gordura trans no total de gorduras que compõem os alimentos.

O acordo foi firmado durante encontro do Fórum de Alimentação Saudável, instância político-institucional que se reuniu hoje pela segunda vez, sob a coordenação do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, com o objetivo de propor ações pragmáticas para os próximos anos. “Estamos inovando sob o ponto de vista da saúde pública porque, de maneira consciente e com a participação de todos os setores envolvidos nessa questão, produziremos bons frutos para a melhoria da saúde dos brasileiros”, afirmou Temporão.

Conforme explicou o ministro, a eliminação dos teores de gordura trans dos alimentos industrializados será feita de forma gradual, até 2010, e conforme as possibilidades da indústria. “Temos que ter uma visão muito abrangente sobre todas as questões envolvidas”, observou Temporão, referindo-se à importância de apoio da Embrapa e de institutos de pesquisa (para a possibilidade de desenvolvimento de novos grãos e matérias primas adequados à utilização industrial) como também de outros órgãos de governo.

Instalado pelo ministro no último mês de julho, o Fórum é um espaço de debate entre representantes do governo e da indústria para a definição de alternativas direcionadas à redução dos teores de gordura trans, sal e açúcar dos alimentos industrializados e comercializados no Brasil. A partir da segunda quinzena de janeiro, o fórum terá reuniões periódicas por meio de um grupo técnico que também contará com representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da Embrapa e de universidades.

PESQUISA – Dentro do cronograma de metas e ações estabelecido nesta quinta-feira, o grupo técnico volta a se reunir em março para analisar os primeiros resultados do trabalho da equipe e também os estudos que servirão de parâmetro para a definição das próximas medidas, como a redução de sal e açúcar dos alimentos industrializados. Um desses estudos foi apresentado hoje pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos.

A pesquisa abrange 34 alimentos de diferentes categorias (embutidos, biscoitos, refeições prontas, derivados do leite, temperos, entre outros) e mostra a média das reduções de gordura trans, por nutrientes, nos últimos cinco anos. O estudo foi realizado com base em modelo solicitado pelo Ministério da Saúde e a partir de informações coletadas com empresas que representam 70% da produção nacional.

De acordo com a Abia, a média de reduções de nutrientes nos últimos cinco anos – nas categorias e marcas analisadas – é a seguinte:
• Gordura trans: 86%
• Gordura saturada: 45%
• Açúcar: 29%
• Sódio: 20%

“Esses resultados renovam a convicção da indústria de que o Fórum de Alimentação Saudável é o espaço apropriado para a discussão e elaboração de propostas e para a manutenção de uma agenda pró-ativa que alie a produção industrial ás necessidades da população”, disse Edmund Klotz, presidente da Abia.

PARTICIPAÇÃO SOCIAL – Outra medida anunciada pelo ministro Temporão será a criação, no início do próximo ano, de um fórum virtual sobre alimentação saudável para o recebimento de contribuições dos setores envolvidos e da sociedade. “A idéia é criarmos um espaço democrático de discussão que mantenha uma comunicação ágil entre os representantes do fórum institucional, do grupo técnico e de toda a sociedade interessada”, disse o ministro.

MODELO – Para a elaboração de novas medidas de promoção da alimentação saudável no Brasil, o governo também se baseará em experiências internacionais bem sucedidas, como a do Canadá. Nesse país, relevantes mudanças na composição dos alimentos foram promovidas no decorrer de três anos.

CENÁRIO – Segundo levantamento do Ministério da Saúde, até 260 mil mortes poderiam ser evitadas todos os anos com uma alimentação adequada da população. Um dos reflexos do alto teor de açúcar, sal e gordura nos alimentos é o sobrepeso, já reconhecido em todo o mundo como epidemia e que atinge cerca de 40% da população brasileira, de acordo com o IBGE.

Além disso, sofrem de obesidade 12,7% dos brasileiros. Conforme dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), divulgada pelo Ministério da Saúde no último mês de julho, 6,6% das crianças com menos de cinco anos têm excesso de peso. A obesidade, em todas as idades, desencadeia uma série de doenças; entre as quais, aquelas que mais matam no Brasil, como doenças cardiovasculares, diabetes e câncer de intestino.

Por Renatha Melo, da Agência Saúde


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