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03/05/2015 - Jovem com morte cerebral tem órgãos doados pela família

 Um paciente de  São José dos Campos, recebeu o fígado captado na  madrugada de domingo  (3/5) em procedimento supervisionado pela Comissão Intra Hospitalar de Transplantes da Santa Casa de Araçatuba (CIHT).


O doador  foi o  paciente F. P. C, que  teve morte cerebral atestada na manhã de sábado. Ele estava internado na Santa Casa de Araçatuba desde as 0h00 de 29 de abril. Horas antes, F. foi vitima de um acidente na cidade Lavínia, onde residia com sua família.


De acordo com as informações, o rapaz estava de bicicleta e colidiu com outra bicicleta. Na queda, bateu a cabeça no asfalto e sofreu traumatismo craniano, tendo sido removido de imediato para Santa Casa de Araçatuba. O hospital é referência em neurocirurgia para 41 municípios da região.


Tratamento

 

O paciente foi submetido a uma craniotomia, procedimento realizado pelo neurociurgião Rodrigo Mendonça, que consiste na drenagem do hematoma cerebral. Recebeu tratamento intensivo na Unidade de Terapia Intensiva Geral. No entanto registrou várias intercorrências decorrentes de traumatismo craniano grave, como parada cardiorrespiratória que somada ao quadro decorrente da gravidade do trauma cerebral, conduziram rapidamente à morte encefálica.


O protocolo para investigação de morte cerebral foi aberto em 1 de maio. Após a realização de todos os exames (ver quais são abaixo), dentre os quais o doppler transcraniano, realizado pela médica Mariana Battaglini do Hospital de Base de São José do Rio Preto. A morte encefálica foi confirmada no dia 2 as 10h40.


Doação

 

Integrantes da CIHT informaram à mãe e padrasto do paciente, sobre os resultados das avaliações. Durante a entrevista, eles concordaram em doar os órgãos de F.


Como ocorre nos casos em que a família aceita realizar a doação de órgãos, a própria Comissão informou à Central Nacional de Transplante a disponibilidade. A agência reguladora da fila de transplantes localizou em São José dos Campos, paciente compatível para o fígado, e enviou à Araçatuba, uma equipe de cirurgiões daquela cidade (André Pereira, Felipe Borges e Vanessa Suemi).


Como a família também optou pela retirada de rins, córneas e ossos, a Central enviou equipes do Banco de Ossos de Marília (cirurgiões Ederson Shihya Kida, Guilherme Augusto Delalona Junqueira e instrumentador Sônia Pereira).


Captação

 

As equipes iniciaram a captação a 1h00 desse domingo. O fígado foi o primeiro órgão retirado, tendo sido transportado de imediato de avião para São José dos Campos.


Os rins foram captados por uma equipe do Hospital de Base de São José do Rio Preto, que é referência para realização do teste de Crosmet, procedimento que atesta a compatibilidade dos órgãos para posterior envio à pacientes com o perfil clínico compatível. Após essa avaliação, os órgãos são direcionados pela Central Nacional de Transplantes.


As córneas foram retiradas pelo enfermeiro da Santa Casa de Araçatuba, Matheus Araújo Tonon, integrante da Comissão Intra Hospitalar de Transplantes, do hospital. Esses órgãos foram encaminhados ao Banco de Olhos do Hospital de Base de São José do Rio Preto.


O trabalho foi concluído as 8h00 de hoje (3/5), quando então, o corpo do paciente doador foi liberado aos familiares para ser velado em Lavínia.


Esta foi a terceira captação do ano realizada na Santa Casa de Araçatuba e ocorreu 8 dias após o segundo procedimento de 2015. Em 24 de abril, uma paciente de 38 anos com morte cerebral atestada, teve o fígado e rins captados, após a família optar pela doação.


Protocolo para a retirada


Os exames clínicos para confirmar a morte encefálica são: a arteriografia cerebral, que mostra a ausência de fluxo sanguíneo para o cérebro; a cintilografia cerebral que constata a ausência de captação do radio fármaco do cérebro, indicando a ausência de perfusão e o eletroencefalograma, que mostra a ausência total de atividade elétrica no cérebro. 

 

Um desses três exames em conjunto com o exame clínico já é suficiente, conforme a resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina), para a conclusão do diagnóstico de morte cerebral.

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