Referência regional para implantação de marca-passo cardíaco artificial (dispositivo dotado de eletrodos que estimulam e corrigem os batimentos cardíacos), o Serviço de Cirurgia Cardiovascular da Santa Casa de Araçatuba iniciou em 2009 uma nova fase: a implantação do ressincronizador cardíaco. Trata-se de um marca-passo biventricular (capaz de controlar tanto o lado direito quanto o lado esquerdo do coração), tecnologia que fortalece o músculo cardíaco, estimulando o trabalho dos dois ventrículos simultaneamente, o que resulta na redução da mortalidade entre pacientes que sofrem de insuficiência cardíaca, problema que, segundo o Data-Sus, é a principal causa de hospitalizações no País.
O ressincronizador tem aproximadamente cinco centímetros de diâmetro e é implantado na região torácica, logo abaixo da clavícula. O equipamento possui três eletrodos que são introduzidos no coração diretamente pelas veias. “Os eletrodos são fixados nos ventrículos direito e esquerdo, e também no átrio direito (cavidade do coração que recebe sangue venoso, isto é, com pouco oxigênio) para produzirem os impulsos necessários para garantir a frequência dos batimentos cardíacos”, explica o cirurgião cardiovascular Rogério de Paula Garcia Caravante, que integra a equipe do Serviço de Cirurgia Cardiovascular da Santa Casa de Araçatuba.
A ressincronização é um procedimento invasivo, realizado sob anestesia local e sedação do paciente. A implantação do aparelho dura em média duas horas e é monitorada através de arco cirúrgico (fluoroscopia) e radioscopia (exame dos tecidos e estruturas profundas do corpo por meio de raios-x). O período de internação pós-cirúrgica varia de três a cinco dias. Durante os 60 dias subsequentes, o paciente passará por avaliações ambulatoriais. “Com o ressincronizador, conseguimos monitorar a insuficiência cardíaca do paciente no próprio consultório, o que evita reinternações”, explica o cirurgião Rogério Caravante.
O ressincronizador cardíaco é uma tecnologia relativamente nova. Por isso, a implantação do aparelho só é coberta pelo SUS (Sistema Único de Saúde) quando realizada em hospitais-escola. Porém, está disponível para pacientes de Araçatuba por meio do Iamspe (Instituto de Assistência Médica do Servidor Público Estadual) e de convênios. O custo médio do aparelho e do procedimento é R$ 35 mil. Já a implantação do marcapasso convencional já é uma rotina do Serviço. A cada ano, são realizados mais de 200 procedimentos. Em todo o País, a taxa média anual é 15 mil implantes colocados.