Até o momento, o serviço já atendeu 115 pacientes encaminhados por oncologistas de toda a região. Desse total, 60% precisaram ser submetidos a sessões de radiação ionizante e 10% tiveram alta. "O acelerador cumpre bem nossas necessidades. Temos um sistema 3D com radioterapia conformacional", disse.

 

O acelerador linear funciona nos períodos da manhã e tarde, de segunda a sexta-feira. O tempo de aplicação é rápido, entre 12 e 15 minutos. O que demora, segundo o médico, é a preparação e o posicionamento do paciente na máquina, feito pelos técnicos e que chega a uma hora, dependendo do caso. Os principais tipos de tumores tratados no período de 60 dias foram na próstata e na mama.

 

ETAPAS

Para que o paciente possa ser submetido às sessões de radioterapia é preciso passar por três etapas: primeiro ele é encaminhado por seu oncologista para consulta com o médico especialista. Depois é agendado o planejamento com o objetivo de definir a região do corpo que será tratada, protegida, além das áreas de riscos. "O terceiro passo é iniciar o tratamento. Tem pessoas aguardando essas etapas e as consultas são marcadas conforme a demanda. Hoje a espera é pequena", ressaltou Jorge.

 

De acordo com o especialista, o planejamento é feito por meio de tomografias em três e em duas dimensões, que facilitam à equipe médica identificar o local exato da aplicação do laser que sai do acelerador linear e elimina as células cancerígenas. "A partir dessa imagem vamos desenhar as estruturas do tumor no computador. A imagem é trabalhada para depois a máquina ser acionada e disparar os feixes de radiação ionizante. Conseguimos, dessa forma, determinar qual a quantidade de dose está chegando ao tumor", disse, ao explicar ainda que o sistema 2D atua apenas na área e no tamanho do tumor. Já o 3D consegue definir volume.

 

O centro possui ainda o aparelho de braquiterapia, que ainda não entrou em funcionamento devido ao aguardo de uma fonte. "Isso exige mais tempo para conseguirmos", resumiu Jorge. Esse equipamento é destinado às sessões de radioterapia de câncer de colo de útero e endométrio, locais que exigem maior precisão. "A gente consegue chegar numa alta dose para completar o tratamento. A radiação vai canalizada e focada em um único ponto da região tumoral."

 

Nesta primeira fase, o Centro de Radioterapia da Santa Casa de Araçatuba está sendo custeado com financiamento provisório liberado pelo Governo do Estado de São Paulo para atender até 50 pacientes por dia. No entanto, quando o valor de R$ 270 mil/mês passar a ser creditado ao hospital pelo Ministério da Saúde, responsável pelo credenciamento do programa, o volume de atendimentos poderá ser de até 120 por dia.

 

A reportagem enviou e-mail à assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde para saber o valor do repasse estadual e o prazo de liberação. Por e-mail, o órgão solicitou que as perguntas fossem feitas ao Ministério da Saúde. A reportagem encaminho e-mail, mas até o fechamento desta edição, o governo federal não informou quando começaria a enviar os recursos e nem o valor mensal.

 

 

Mesmo com a apreensão de ter que passar por um tratamento mais complexo, o paciente João dos Santos Rocha, de 59 anos, está animado com o andamento das sessões de radioterapia. Ele, que mora no bairro Ivo Tozzi, já realizou 24 de um total de 28 sessões para tratar de um câncer no intestino. "Semana que vem, se Deus quiser, acabo o tratamento", disse.

 

Rocha explica que as sessões não são doloridas e os efeitos colaterais, são mínimos. "Tenho diarreia, mas vai de cada organismo." O paciente é só elogio aos profissionais do centro. "A gente recebe toda a atenção e carinho que são necessários para o sucesso do tratamento. Meu tumor está diminuindo e eu só tenho que agradecer a Deus por termos um serviço dessa qualidade em Araçatuba", ressaltou.

 

O aparelho de acelerador linear instalado no Centro de Radioterapia é um dos mais avançados. O equipamento, da marca Elekta, possui energias de fótons e elétrons, que possibilita tanto tratamentos oncológicos profundos, quanto os mais superficiais, e possui tecnologia necessária para preservar tecidos do entorno de tumores, órgãos e da pele. "O aparelho nem encosta na gente. Eu deito de barriga para baixo e não sinto nada", explicou o paciente.