30/05/2011 - Na midia:Cirurgião da Santa Casa fala sobre Enurese Noturna
Araçatuba Nathália Gottardi nathalia.gottardi@folhadaregiao.com.br Fazer xixi na cama é um problema comum entre crianças pequenas, mas pode indicar o surgimento de uma doença que, entre outros efeitos, acarreta problemas emocionais. A EN (Enurese Noturna) é uma doença caracterizada pela perda involuntária de urina em crianças que já deveriam ter adquirido o controle esfincteriano, ou seja, consigam controlar a vontade de urinar. "A criança enche a bexiga enquanto esta dormindo, não superficializa o sono e desenvolve o esvaziamento vesical involuntariamente ainda dormindo", esclarece o cirurgião pediátrico Aimar Garcia Sanches, que integra o Serviço de Cirurgia Pediátrica da Santa Casa de Araçatuba. A Enurese Noturna atinge, principalmente, crianças do sexo masculino com idade entre 4 e 5 anos. "Estudos americanos mostram a prevalência três vezes maior no sexo masculino. De 4 a 5 anos de vida 15% a 25 % das crianças ainda molham a cama. Aos 12 anos de idade, cerca de 8% dos meninos e 4 % das meninas ainda se mantém enuréticos". Entre adolescentes a taxa diminui para 1% a 3%. Apesar de ser incomum, a EN também afeta pessoas na fase adulta, independente do nível cultural. Nesse caso a incidência é de 0,5% a 1%. DIFERENÇA Por ser uma ocorrência comum entre crianças, como diferenciar o fato de fazer xixi na cama e a Enurese Noturna? Sanches explica que a idade é o principal fator indicativo da doença, pois quando crianças com menos de quatro anos urinam involuntariamente é considerado que houve uma "perda por imaturidade da criança". "A criança com 1 ano de idade tem em torno de 20 micções por dia, de 1 a 3 anos em torno de 11 micções por dia. Com 4 anos o controle urinário estará estabelecido na grande maioria das crianças e isso se deve à maturação neurológica, inibição voluntária da micção e aumento da capacidade vesical", complementa. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da EM é feito através da anamnese, entrevista realizada pelo médico com o paciente e a família para ter conhecimento de outras doenças desenvolvidas durante os anos; exame físico, para analisar se há mal-formação de órgãos ou deficiências; e o diário micional, realizado pela família por pelo menos 24 horas. "A mãe marca durante 24 horas quantas vezes a criança fez xixi, se perdeu xixi ou não perdeu, inclusive à noite. Para ter o controle bem correto à noite, põe fralda na criança e pesa a fralda no dia seguinte para ver o peso do xixi". O diário tem que ser feito por pelo menos um dia, mas caso a família queira realizar a marcação por mais dias, a precisão dos dados é maior. "Quanto mais tempo a família fizer o diário, mas informações traz. Fica mais correto". Assim que as informações foram coletadas o médico poderá classificar adequadamente o tipo de enurese que o paciente apresenta e a partir daí escolher a melhor conduta (tratamento). A Enurese Noturna possui duas classificações: a Monossintomática e a Polissintomática. A Monossintomática faz com que a pessoa tenha perda de urina apenas durante a noite. A Polissintomática possui outros sintomas: perda urinária noturna associada com sintomas do trato urinário e digestivo que ocorrem durante o dia como, obstipação intestinal (intestino preso/prisão de ventre), urgência urinária, encoprese (evacuação de fezes nas roupas ou no chão), entre outros. "O importante para a família que tem uma criança com Enurese é justamente diferenciar se trata-se de uma Enurese Monossintomática , de uma Enurese Polissintomática ou se a criança tem um algum outro distúrbio ou doença mais grave e rara", alerta. TRATAMENTO Não existe cura para a EN, no entanto o paciente com a doença apresenta uma melhora significativa ao longo dos anos. Ou seja, o próprio corpo vai curando, porém isso ocorre apenas no caso da Enurese Monossintomática. "Nos casos das EN monossintomáticas o aconselhamento motivacional é o mais importante. Além do incentivo à posição ativa da criança, a realização de calendário para marcação de noites secas e noites molhadas, fazer esforço positivo com incentivos e premiações para noites secas e manter dieta que assegure hábito intestinal diário", ressalta. O principal, segundo o médico, é evitar qualquer punição nas noites molhadas. Todo o incentivo dado à criança tem como objetivo fazê-la participar do "tratamento" e auxiliar no bem estar dela, pois na maioria dos casos há o desenvolvimento de baixa autoestima, dificuldade de relacionamento social e familiar e auto imagem negativa. Isso ocorre devido ao impacto que a doença traz sobre a estrutura familiar, sob diversos aspectos. "A doença é comum só que ninguém gosta de falar que o filho faz xixi na cama. Essa conversa se restringe apenas ao consultório". Além do incentivo, os pais devem levar a criança para urinar antes de deitar e evitar o consumo de líquidos antes dormir. Existem remédios que auxiliam o tratamento, mas eles não resolvem totalmente o problema. "Os medicamentos disponíveis têm indicações precisas e não há certeza de cura". Para os casos de Enurese Noturna Polissintomática a abordagem é deiferente. "A abordagem é mais complexa tanto para o diagnóstico (exames complementares - imagem e funcional) quanto para o tratamento (clínico e cirúrgico). Vale lembrar que o tratamento é feito conforme cada caso. Não há como generaliza", finaliza. Nathalia Gottardi Repórter Folha da Região 18-36367719 www.folhadaregiao.com.br
Araçatuba Nathália Gottardi nathalia.gottardi@folhadaregiao.com.br Fazer xixi na cama é um problema comum entre crianças pequenas, mas pode indicar o surgimento de uma doença que, entre outros efeitos, acarreta problemas emocionais. A EN (Enurese Noturna) é uma doença caracterizada pela perda involuntária de urina em crianças que já deveriam ter adquirido o controle esfincteriano, ou seja, consigam controlar a vontade de urinar. "A criança enche a bexiga enquanto esta dormindo, não superficializa o sono e desenvolve o esvaziamento vesical involuntariamente ainda dormindo", esclarece o cirurgião pediátrico Aimar Garcia Sanches, que integra o Serviço de Cirurgia Pediátrica da Santa Casa de Araçatuba. A Enurese Noturna atinge, principalmente, crianças do sexo masculino com idade entre 4 e 5 anos. "Estudos americanos mostram a prevalência três vezes maior no sexo masculino. De 4 a 5 anos de vida 15% a 25 % das crianças ainda molham a cama. Aos 12 anos de idade, cerca de 8% dos meninos e 4 % das meninas ainda se mantém enuréticos". Entre adolescentes a taxa diminui para 1% a 3%. Apesar de ser incomum, a EN também afeta pessoas na fase adulta, independente do nível cultural. Nesse caso a incidência é de 0,5% a 1%. DIFERENÇA Por ser uma ocorrência comum entre crianças, como diferenciar o fato de fazer xixi na cama e a Enurese Noturna? Sanches explica que a idade é o principal fator indicativo da doença, pois quando crianças com menos de quatro anos urinam involuntariamente é considerado que houve uma "perda por imaturidade da criança". "A criança com 1 ano de idade tem em torno de 20 micções por dia, de 1 a 3 anos em torno de 11 micções por dia. Com 4 anos o controle urinário estará estabelecido na grande maioria das crianças e isso se deve à maturação neurológica, inibição voluntária da micção e aumento da capacidade vesical", complementa. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da EM é feito através da anamnese, entrevista realizada pelo médico com o paciente e a família para ter conhecimento de outras doenças desenvolvidas durante os anos; exame físico, para analisar se há mal-formação de órgãos ou deficiências; e o diário micional, realizado pela família por pelo menos 24 horas. "A mãe marca durante 24 horas quantas vezes a criança fez xixi, se perdeu xixi ou não perdeu, inclusive à noite. Para ter o controle bem correto à noite, põe fralda na criança e pesa a fralda no dia seguinte para ver o peso do xixi". O diário tem que ser feito por pelo menos um dia, mas caso a família queira realizar a marcação por mais dias, a precisão dos dados é maior. "Quanto mais tempo a família fizer o diário, mas informações traz. Fica mais correto". Assim que as informações foram coletadas o médico poderá classificar adequadamente o tipo de enurese que o paciente apresenta e a partir daí escolher a melhor conduta (tratamento). A Enurese Noturna possui duas classificações: a Monossintomática e a Polissintomática. A Monossintomática faz com que a pessoa tenha perda de urina apenas durante a noite. A Polissintomática possui outros sintomas: perda urinária noturna associada com sintomas do trato urinário e digestivo que ocorrem durante o dia como, obstipação intestinal (intestino preso/prisão de ventre), urgência urinária, encoprese (evacuação de fezes nas roupas ou no chão), entre outros. "O importante para a família que tem uma criança com Enurese é justamente diferenciar se trata-se de uma Enurese Monossintomática , de uma Enurese Polissintomática ou se a criança tem um algum outro distúrbio ou doença mais grave e rara", alerta. TRATAMENTO Não existe cura para a EN, no entanto o paciente com a doença apresenta uma melhora significativa ao longo dos anos. Ou seja, o próprio corpo vai curando, porém isso ocorre apenas no caso da Enurese Monossintomática. "Nos casos das EN monossintomáticas o aconselhamento motivacional é o mais importante. Além do incentivo à posição ativa da criança, a realização de calendário para marcação de noites secas e noites molhadas, fazer esforço positivo com incentivos e premiações para noites secas e manter dieta que assegure hábito intestinal diário", ressalta. O principal, segundo o médico, é evitar qualquer punição nas noites molhadas. Todo o incentivo dado à criança tem como objetivo fazê-la participar do "tratamento" e auxiliar no bem estar dela, pois na maioria dos casos há o desenvolvimento de baixa autoestima, dificuldade de relacionamento social e familiar e auto imagem negativa. Isso ocorre devido ao impacto que a doença traz sobre a estrutura familiar, sob diversos aspectos. "A doença é comum só que ninguém gosta de falar que o filho faz xixi na cama. Essa conversa se restringe apenas ao consultório". Além do incentivo, os pais devem levar a criança para urinar antes de deitar e evitar o consumo de líquidos antes dormir. Existem remédios que auxiliam o tratamento, mas eles não resolvem totalmente o problema. "Os medicamentos disponíveis têm indicações precisas e não há certeza de cura". Para os casos de Enurese Noturna Polissintomática a abordagem é deiferente. "A abordagem é mais complexa tanto para o diagnóstico (exames complementares - imagem e funcional) quanto para o tratamento (clínico e cirúrgico). Vale lembrar que o tratamento é feito conforme cada caso. Não há como generaliza", finaliza. Nathalia Gottardi Repórter Folha da Região 18-36367719 www.folhadaregiao.com.br