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18/07/2012 - Na mídia:De ruralista a assessor de diretoria da Santa Casa

Transcrito do jornal: O Liberal Regional

Por: Ester Leão

Aos 62 anos, Jair Negri Garcia pode ser considerado um personagem da história, no setor da Saúde, em Araçatuba. Filho único do casal Miguel e Flora, Jair acompanhou os avanços no atendimento hospitalar e as dificuldades do setor na década de 70. Ao longo dos 42 anos de atividade e dedicação à Santa Casa de Araçatuba, Jair fala com emoção e nostalgia sobre alguns dos períodos que mais marcaram seu trabalho.

O ruralista, que saiu de Alto Alegre aos 14 anos para estudar em Araçatuba, é um dos funcionários mais antigos da Santa Casa de Araçatuba - unidade que, hoje, se tornou referência em atendimento de alta complexidade. “Quando jovem, ainda me lembro de passar pelo centro da cidade e ver o hospital em construção. Jamais pensei que um dia sairia da roça para gerir este lugar”, conta.

Formado em Administração de Empresas, com especialização em Administração Hospitalar, Jair ingressou na Santa Casa no dia 21 de dezembro de 1970, assumindo a função de gerente, com apenas 20 anos de idade. Na época, o hospital era administrado por 20 irmãs religiosas e contava com 25 médicos, num total de 263 funcionários. Atualmente, a Santa Casa de Araçatuba trabalha com 8 gerências, 2 Ame’s, mais de 300 médicos no corpo clínico e mil funcionários.

Jair relembra que este foi um período difícil na área da Saúde, em termos de atendimento e acessibilidade dos pacientes. “Os pacientes eram classificados em três categorias: particular, Funrural (fundo que na época garantia assistência médica hospitalar aos trabalhadores de lavoura), INPS (Instituto Nacional de Previdência Social) e indigente (paciente não coberto pelos dois planos de assistência que vigoravam na época). O atendimento era feito nos chamados salões que, posteriormente, deram lugar aos quartos”.

No início das atividades, o hospital custeava o atendimento de pessoas carentes (classificadas como pobre oi indigente). Contudo, Jair explica que, com o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS) o atendimento passou a ser ‘bancado’ pelo governo. “Isso melhorou a qualidade dos serviços oferecidos na Saúde. Falhas existem, mas o sistema em si é muito bom”.

AVANÇOS NA SAÚDE
 Jair observa que as políticas públicas de saúde avançaram nas últimas quatro décadas. Na visão do profissional, “a política pública de saúde no Brasil teve seus avanços, sem dúvida. Mas, ainda falta muito para ser melhorado”.

Já em Araçatuba, ele aponta o atendimento oferecido pelo hospital como excelente, se comparado ao início das atividades. “O hospital tem um crescimento constante, o que é positivo em minha opinião. Porém, ainda esperamos pelo transplante renal, assistência em doença molecular, células-tronco e, finalmente, termos uma faculdade de Medicina na cidade, para complementar a Saúde”.

Depois de tantos trabalhando nesse meio, “posso afirmar que o hospital cresceu junto com a nossa cidade. Uma das coisas que deve ser enfatizada foi a chegada da Diálise, um marco para a Santa Casa; sem contar a implantação da primeira Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), nos anos 80. Tudo isso veio a somar”, declara.

FATOS QUE MARCARAM
 Jair comenta que três períodos distintos marcaram sua carreira no hospital. Um dos momentos lembrados por ele foi o encerramento das enfermarias, nos anos 90. “Isso me marcou demais.

Com o fim das enfermarias, a palavra indigente acabou, com isso, o atendimento foi humanizado; foi nessa fase que surgiram os quartos”, relembra. Outro fato interessante ressaltado por Jair foi à mudança na Constituição de 1988, que trouxe a igualdade dos direitos no atendimento à saúde.

Os acidentes e tragédias também foram destacados pelo funcionário da instituição, como a queda de um avião Bandeirante, em 1983, onde 20 pessoas foram socorridas ao hospital.
A aeronave trazia vários japoneses que vinham de Campo Grande; anteriormente, na década de 70, um avião que transportava o deputado estadual Jorge Maluly Netto, então secretário do Trabalho, também caiu. Maluly, sua esposa Therezinha e o filho Jorginho receberam o atendimento médico na Santa Casa de Araçatuba.

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