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07/06/2010 - Neurocirurgia da Santa Casa de Araçatuba realiza procedimento inédito na cidade

Um procedimento médico capaz de localizar com precisão o local da lesão no cérebro do paciente, facilitando a cirurgia no local, é a nova alternativa de cura introduzida ao Serviço de Neurocirurgia da Santa Casa de Misericórdia de Araçatuba. A equipe do setor passou a realizar a biópsia esterotáxica, um tipo cirurgia que atinge a área cerebral interessada, sem a necessidade da abertura convencional do crânio.
 
“Trata-se de uma tecnologia muito avançada que vem trazer para Araçatuba, especialmente para a Santa Casa, um lugar de destaque na neurocirurgia da região”, destaca o neurocirurgião Rodrigo Mendonça, coordenador do Serviço de Neurocirurgia e Neurologia do hospital.
 
Realizada pela primeira vez na cidade, o procedimento foi realizado em um paciente de 72 anos de idade, que se encontra em recuperação e passa bem.
 
O homem foi diagnosticado com um tumor profundo em uma região de alto risco para cirurgia convencional. “O paciente já estava muito debilitado, em função do tumor, e não resistiria a uma cirurgia; então, para poder ser feito um tratamento complementar da lesão realizamos a biópsia com ele acordado, com anestesia local, através da estereotaxia”, conta o neurocirurgião.
A biopsia estereotáxica consiste em puncionar a lesão, retirando-se um fragmento que é enviado para anatomopatológico. “No caso dele foi constatado que se tratava de um câncer”, confirma o médico.
 
O diferencial do procedimento está na sua precisão para detectar a lesão. “A estereotaxia consegue localizar o alvo no cérebro do paciente com cálculo de coordenadas em três dimensões”, diz. Mendonça explica que a obtenção das coordenadas é feita a partir da fixação de um arco estereotáxico na cabeça do paciente, que é transferido com esse arco para a tomografia. “Fazemos uma tomografia com esse aparelho fixado no crânio do paciente e o equipamento nos dá as coordenadas do local da lesão, calculadas por meio de um software próprio”, frisa.
 
Após esse procedimento o paciente é encaminhado ao centro cirúrgico e é preparado para a cirurgia. Com as coordenadas calculadas previamente, o cirurgião consegue atingir o alvo da lesão com precisão dentro do cérebro do paciente através de um pequeno orifício de entrada, sob anestesia local.

“Um paciente que seria submetido a uma cirurgia com anestesia geral e que teria o crânio aberto em uma cirurgia de alto risco, pode fazer o procedimento com anestesia local, acordado, e, após o procedimento, ser transferido para UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) apenas para observação; depois segue para a enfermaria comum e já pode ter alta no dia seguinte”, comenta Mendonça.
 
Além de biópsia para tumores profundos, como foi feito no caso deste paciente, o procedimento também pode ser realizado para drenagem de cistos profundos, drenagem de abscessos e hematomas profundos, tratamento cirúrgico da doença de Parkinson e outros distúrbios do movimento, dor crônica intratável de origem central e mais recentemente transtorno obssessivo-conpulsivo grave.
 
Esta primeira experiência de estereotaxia foi possibilitada por meio do plano de saúde do paciente, que arcou com o custo da locação do aparelho. “O SUS (Sistema Único de Saúde) compatibiliza os procedimentos  esterotáxicos, e a Santa Casa é credenciada a fazer tais procediementos, mas não dispõe do aparelho no hospital; então seria necessário adquirir o aparelho para contemplar os pacientes do SUS com os procedimentos estereotáxicos”, ressalta o médico.
 
Para esta cirurgia, o aparelho foi locado de empresa de São Paulo. Ele pode ser locado por planos de saúde e por particulares quando houver a indicação para o procedimento. Mendonça destaca que o diferencial é que a Santa Casa de Araçatuba está credenciada a fazer a cirurgia, e assim que o equipamento foi adquirido, poderá oferecer a alternativa ao pacientes do SUS.
“Muitas doenças que tratávamos de maneira convencional poderão ser tratadas com estereotaxia, trazendo uma taxa de complicação menor, resultado mais rápido e com a possibilidade de tratamento para doença de Parkinson, o que é inédito na região”, frisa. 

Atualmente, o Serviço de Neurocirurgia e Neurologia da Santa Casa de Araçatuba realiza entre 30 a 40 cirurgias por mês. Parte destes pacientes se encaixaria no procedimento minimamente invasivo possibilitado pela estereotaxia. A alternativa pode até mesmo ser usada em situações de emergência.

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