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28/07/2015 - SUS passa a fornecer novo tratamento para hepatite C

 Esta terça-feira (28) pode ser considerada um marco para a saúde pública brasileira no tratamento da Hepatite C, um vírus que se aloja no fígado e o destrói lentamente, levando à cirrose hepática e, na maioria dos casos, ao transplante de fígado.

Na data que se comemora o Dia Mundial da Luta contra Hepatites Virais, o inovador medicamento, que cura, em média, de 90% a 95% dos casos de hepatite C, será fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para pacientes com doença avançada no fígado.

O esquema de tratamento é composto por diversas substâncias ativas dentro de apenas um comprimido, tomado uma vez ao dia, por um período que varia de 12 a 24 semanas, dependendo do estágio da doença.

A elegibilidade para o novo tratamento será feita de acordo com um protocolo de tratamento no SUS. Segundo o hepatologista da Sociedade Brasileira de Hepatologia, Raymundo Paraná, o Brasil é o primeiro da América Latina a oferecer o tratamento gratuitamente.

“O País fará priorização de pacientes, não serão todos que terão acesso”, adianta ele.

“Cirróticos e pacientes com evolução para a cirrose terão prioridade. A única exceção é para pacientes com HIV, que terão acesso amplo ao tratamento”.

A expectativa sobre o novo tipo de tratamento tem fundamento em pesquisas, que mostraram a capacidade do medicamento de oferecer até 100% de cura. Além disso, os poucos efeitos colaterais são bem tolerados pelos pacientes, o que não acontecia com as terapias antigas.

“Foi uma mudança completa de paradigmas no tratamento da hepatite C. Saímos de um esquema que já tinha avançado muito – mas que ainda era baseado em interferon e ribavirina – para outro tratamento oral, com tolerância excepcional e eficácia superior”, diz Paraná.

“Dependendo do estágio da doença e do genótipo da pessoa, a resposta pode variar entre 80% e 100%”.

A hepatologista do Hospital 9 de Julho, Marta Deguti diz que, além das altas taxas de cura, a grande vantagem é a possibilidade de fazer o tratamento somente por via oral, sem injeções semanais, como no caso do tratamento antigo.

Por mais avançado que fosse o tratamento anterior, as taxas de cura ainda eram mais baixas e os efeitos colaterais, incapacitantes. Fadiga intensa, anemia, queda de cabelo, perda do apetite, náuseas, dores de cabeça, dores musculares e depressão, além de outros tantos, acompanhavam quem tentava se livrar do vírus.

Marta, no entanto, não acredita que a facilidade de cura daqui por diante tornará o vírus da hepatite C algo “banal”.

“Não acho que ele vai ser encarado como uma gripe, simplesmente pelo fato de ser um vírus silencioso e que infecta o fígado, um órgão vital multifuncional. Tiradas todas essas ressalvas, espero que em 10 anos a hepatite C tenha se tornado um problema bem mais controlado do que é hoje”, diz.

A maior parte das infecções, segundo Raymundo Paraná, aconteceu entre as décadas de 70 e 90, por causa das transfusões de sangue contaminado. Até 1994, não havia um teste eficaz que detectasse o vírus no sangue.

“Atualmente estamos diagnosticando pessoas com mais de 20 anos de infecção crônica. São os que mais preocupam”.

Como o vírus danifica o fígado

O vírus entra no corpo por meio contato com sangue contaminado. As portas são abertas por alicates de cutícula, seringas contaminadas, ato sexual desprotegido, tatuagens feitas sem a esterilização correta das agulhas e, no passado, transfusões de sangue sem os devidos testes, hemodiálise, uso de seringas de vidro sem esterilização correta e dentistas que não usavam autoclave

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