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25/04/2015 - Santa Casa realiza a segunda captação de órgãos de 2015

Terminou as 5 da manhã desse sábado (25/4), a captação de órgãos da paciente Eva Pereira de Moraes Soares, 38 anos. A doadora estava internada na Unidade de Terapia Intensiva da Santa Casa de Araçatuba, desde a noite de 20 de abril. 

 
Vitimada por parada respiratória, ocorrida horas antes em Pereira Barreto, a paciente foi removida do hospital daquela cidade para Araçatuba, através da Central de Vagas. De acordo com seus familiares, Eva tinha sopro no coração de natureza leve, porém congênita.  Na tarde de 20 de abril, ela sofreu duas paradas cardiorrespiratórias seguidas. Foi reanimada por familiares e levada ao hospital de Pereira Barreto. Mas, entrou em coma e devido à gravidade do caso e suspeita de complicações neurológicas decorrentes da parada respiratória removida para a Santa Casa de Araçatuba, que é referência regional para as altas complexidades que o quadro clinico da paciente exigia.
 
Neste hospital, Eva recebeu o atendimento e terapias intensivas necessárias, mas o quadro clínico não evoluiu para melhora, tendo permanecido em coma gravíssimo e constatada grave lesão neurológica. 
 
Em 23 de abril, a família foi comunicada e autorizou a realização da sequência de testes necessários (veja abaixo) à confirmação da morte encefálica. Os testes foram iniciados no mesmo dia.  A morte encefálica foi constatada sexta-feira (24/4), as 9h37 e confirmada pelo neurologista Fabricio Zanini. Comunicada sobre o resultado, a família autorizou a retirada de órgãos destinados à doação.

Captação
A Central Nacional de Transplante foi informada e encaminhou para Araçatuba uma equipe do Hospital de Base de São José do Rio Preto. A equipe composta pelos cirurgiões Luiz Francisco de Arruda e Tharso Castilho Gabriel; e o enfermeiro Marcos.
 
A captação foi iniciada a 1 hora desse sábado e contou com apoio e supervisão do enfermeiro  Matheus Araújo Tonon, da equipe da Santa Casa de Araçatuba e integrante da Comissão Intra-hospitalar de Transplantes.
 
Esta foi a segunda captação de órgãos  realizada nesse ano, na Santa Casa de Araçatuba. A anterior ocorreu em 16 de março. O doador foi um paciente de 55 anos, de Mirandópolis, vitimado por Acidente Vascular Cerebral. 
 
Foram retirados os dois rins e o fígado. Os rins foram para São Paulo para serem encaminhados pela Central Nacional de Órgãos. O fígado será transplantando pelo Hospital de Base de Rio Preto. No entanto, não temos informações sobre o receptor.  As córneas não foram retiradas, pois em vida, a paciente manifestou que esses órgãos fossem preservados, caso se tornasse doadora, um dia.
 
O trabalho de captação foi concluído as 5 horas da manhã desse sábado, quando então o corpo da doadora foi liberado para ser velado pelos familiares.
 
Drama
Eva Pereira de Moraes Soares tinha 38 anos, era casada com o tratorista e motorista Jair Martins Soares. O casal tem dois filhos: um menino de um ano e três meses; e uma menina de seis anos.
 
A família era originária de Deodápolis, MS e passava por um período de dificuldades. Desempregados e sem perspectiva de trabalho na cidade, veio há quatro meses, a convite do primo Hélio da Cruz, para Guararapes, sendo acolhida por ele em sua casa.
 
As esperanças da família reacenderam quando Eva, cujo pai reside em Pereira Barreto, esteve naquela cidade e prestou concurso para agente saúde, promovido pela Prefeitura. Ela foi aprovada e aguardava ser chamada nas próximas semanas para começar a trabalhar.O esposo Jair, disse que quando Eva começasse a trabalhar, a família se mudaria para Pereira Barreto, onde também já estava à procura de trabalho.
 
Evangélica, a família, através do esposo decidiu autorizar a retirada dos órgãos, para “ajudar as pessoas que estão na fila na esperança de viver um pouco mais”.
 
Protocolo para a retirada
Os exames clínicos para confirmar a morte encefálica são: a arteriografia cerebral, que mostra a ausência de fluxo sanguíneo para o cérebro; a cintilografia cerebral que  constata a ausência de captação do radiofarmaco do cérebro, indicando a ausência de perfusão e o eletroencefalograma, que mostra a ausência total de atividade elétrica no cérebro. 
 
Um desses três exames em conjunto com o exame clínico já é suficiente, conforme a resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina), para a conclusão  do diagnóstico de morte cerebral.
 
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