
Prestar assistência diária a um volume cada vez maior de pacientes e de casos complexos, a maioria em Urgência e Emergência, é o desafio do Serviço de Enfermagem da Santa Casa de Araçatuba. São 1.033 profissionais dentre enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem. A categoria comemora nesta segunda-feira (12) o Dia Internacional da Enfermagem, data em homenagem a Florence Nightingale, nascida em 12 de maio de 1820 e considerada a fundadora da enfermagem moderna.
Com média mensal de 5 mil pacientes dentre SUS e convênios privados, o Serviço de Urgência e Emergência da Santa Casa de Araçatuba gera 90% das internações no hospital. “Tanto no período de estabilização e diagnóstico no Pronto-Socorro quanto nos leitos de enfermaria e UTIs, há um desafio permanente para equipes médicas diagnosticarem esses casos e, no caso da enfermagem, o desafio é o tratamento adequado”, define a enfermeira Ariadne Zancheta, Responsável Técnica de Enfermagem.
A integração dos dois elos cruciais aos atendimentos é, na opinião da RT, decisivo para a boa evolução clínica dos pacientes. “Essa integração se consolidou durante a pandemia do coronavírus, quando ninguém sabia como cuidar da doença. A sintonia entre as equipes multidisciplinares fortaleceu fatores que complementam a formação técnica dos profissionais de saúde: olhar clínico e humanizado apurado e aguçado”, afirma.
O olhar clínico é, de acordo com a RT, decisivo em uma rotina hospitalar constituída de casos complexos, como pacientes politraumatizados “que demandam avaliações de vários especialistas, manuseios e medicamentos diferentes para cada tipo de trauma sofrido”. Crianças com doenças respiratórias, cujos ciclos não ocorrem mais somente no inverno e com número de casos que tem desafiado a saúde pública em todo o país, demandam da equipe de enfermagem um olhar ainda mais atento, “pois crianças descompensam muito rapidamente; por vezes, chegam estáveis no Pronto-Socorro, mas evoluem clinicamente mal muito rapidamente”. Detectar essas situações e acionar o médico responsável pelo paciente para adoção de condutas adequadas à reversão do quadro já no início da piora evitam que a criança e os pacientes em geral descompensem”. Idosos com várias comorbidades que dão entrada em decorrência, por exemplo, de casos de hipertensão, que podem evoluir para Acidente Vascular Cerebral, ou de diabetes elevada, que pode ter como intercorrência uma cetoacidose diabética, emergência médica causada por falta ou resistência à insulina, são outras situações que exigem um olhar clínico. “Em todos os casos, o médico não fica 24 horas à beira do leito, ele visita o paciente, prescreve a demanda de cuidados e vai embora. A enfermagem permanece, por isso consegue observar como o paciente chegou, como está evoluindo clinicamente, detectar evidências de piora e solicitar intervenção médica de imediato”, informa a RT.
Ariadne sublinha com destaque a necessidade do olhar humanizado em toda a equipe de enfermagem da Santa Casa. “Por vezes, as necessidades do paciente vão além dos medicamentos e procedimentos hospitalares. Ele pode precisar de uma conversa, um toque, que sua família seja acolhida”, detalha. Para ela, é fundamental também entender se a linha de cuidados que esse paciente tem em casa e se restrições pessoais podem ter contribuído para a piora do caso ou estão dificultando o tratamento. “A enfermagem, portanto, vai além dos cuidados técnico-práticos. O olhar e o toque fazem a diferença”.
A associação da formação técnica, experiência prática e habilidades pessoais como as citadas tem possibilitado melhoras, curas e reabilitação de pacientes. No fim do ano passado, por exemplo, a soma desses fatores foi fundamental também para a recuperação emocional de um paciente de 53 anos que estava internado há vários dias por insuficiência renal aguda e não conseguia se comunicar com a equipe responsável por seu tratamento por ser pessoa com deficiência auditiva e de fala. A situação comoveu a enfermeira Joice Tatiana Bortoletti, que lembrou da técnica de enfermagem Nathalia Oliveira Caldas, colaboradora do hospital e intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais). Nathalia passou a visitar frequentemente o paciente contribuindo para sua melhora.
Reciprocidade
A Responsável Técnica de Enfermagem destaca que os profissionais são humanos e também adoecem. “Por vezes, deixam suas famílias para vir cuidar do outro e de seus familiares”. Ela lembra ainda que um profissional de enfermagem tem as mesmas necessidades de respeito e compreensão que oferece aos pacientes e familiares. “Na maioria das vezes, a sociedade não reconhece esse profissional que precisa do mesmo olhar e cuidado. Sofremos ataques durante as rotinas de trabalho justamente por tentar oferecer o melhor para um número cada vez maior de pacientes. Precisamos cumprir burocracias, fluxos e tempos incompreensíveis para a sociedade e não raro sofremos ataques e desrespeito durante essas rotinas”, afirma Ariadne. Ela justifica que, embora entristeçam, esses acontecimentos não tiram a disposição da equipe de enfermagem. “Seguimos focados no nosso objetivo que é cuidar do paciente. Pedimos apenas respeito no exercício de nossa função”.
Nem mesmo a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada ou a falta de colaboradores em vários momentos altera o objetivo da equipe de enfermagem do hospital. “A gente atua para prestar atendimento qualificado ao paciente. De forma geral, com a nossa equipe de enfermagem, eu me encontro feliz porque diante de todas as dificuldades em nenhum momento encontro um profissional deixando de fazer o seu trabalho com excelência”, finaliza a RT.
Fotos: Flávia Pontes